A previsão de que o País enfrentaria neste ano uma tríplice epidemia está aos poucos se confirmando. Além de um aumento expressivo (e antecipado) de casos de dengue, o Brasil registra uma expansão importante das notificações de chikungunya. No último boletim nacional, foram 17.131 infecções, 34% a mais do que o apontado até a última semana de setembro. A doença também se espalhou. No período de dez semanas, o número de cidades afetadas subiu de 37 para 62.
Somente em Pernambuco, já foram identificados 2 mil casos. "Estamos muito preocupados. Vivemos agora a ameaça de três doenças simultâneas, todas graves, que exigem respostas diferentes", afirmou a coordenadora do Programa de Controle de Dengue, Chikungunya e Zika de Pernambuco, Claudenice Pontes.
O estado é um exemplo da rapidez na expansão do vírus. Na última semana de setembro, apenas três cidades pernambucanas conviviam com casos de chikungunya, doença transmitida pelo mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti. Em dezembro, esse número já havia saltado para 14. "No início, as infecções estavam concentradas na região do Agreste. Agora, se aproximam da região metropolitana", diz ela. Embora o risco de morte seja menor, a doença pode atingir as articulações, tornar-se crônica e deixar o paciente por meses impossibilitado de executar tarefas simples, como vestir-se ou se alimentar. Pernambuco ainda convive com os maiores indicadores do País de microcefalia e registra mil casos suspeitos de zika. "É tudo junto e misturado", diz Claudenice.
Uma das maiores preocupações na região é a dificuldade de se combater os criadouros do mosquito transmissor das três doenças. São várias as cidades em que o abastecimento de água é racionado ou intermitente. "Nesses casos, não há o que fazer: as pessoas armazenam em casa, aumentando de forma expressiva o risco de criadouros", avalia a coordenadora. Uma das medidas adotadas foi a distribuição de telas para serem usadas em tonéis e caixas d’água sem tampa.
Em 2014, quando chegou ao País, a chikungunya foi identificada em 3.657 pessoas, residentes em oito cidades. Agora, os casos estão espalhados por Amazonas, Amapá, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal.