O pior surto de ebola da história chegou ao fim, deixando três países arrasados, custando mais de US$ 1,6 bilhão da comunidade internacional e expondo os erros graves da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesta quinta-feira, 14, foram completados 42 dias desde que o último caso de transmissão foi registrado na Libéria. Com o ciclo de incubação encerrado, a OMS anunciou nesta manhã em Genebra o fim do surto. Mas também alertou que o "trabalho ainda não terminou", já que o risco de novos casos também ainda podem aparecer nos próximos meses.
A vitória sobre a doença chegou com mais de seis meses de atraso em relação às previsões iniciais da OMS. O trabalho a partir de agora, porém, será o de reconstruir três países que foram colocados de joelhos diante de um surto sem precedentes. A OMS chegou a alertar que o Oeste da África vivia uma "guerra" e apelou a medidas drásticas para impedir que o resto do mundo fosse afetado.
Nos meses que se seguiram ao registro de dezembro de 2013, os casos se proliferaram e cruzaram a fronteira da Guiné para a Libéria e Serra Leoa, causando mais de 11,3 mil mortos, 28 mil contaminados e destruindo economias inteiras. 6 mil crianças hoje perderam o pai, a mãe ou ambos por conta da doença.
Os estudos apontam que tudo começou com a morte de um garoto, Emile, no vilarejo de Meliandou, na área de floresta da Guiné. Num primeiro momento, médicos chegaram a ser atacados por populações locais, acusados de estarem infectando centenas de pessoas. Cidades inteiras foram isoladas, o Exército ocupou as ruas e os países chegaram a ser isolados do mundo.
VIGILÂNCIA
Mas o fim do surto não significa o fim da guerra. Os países vão entrar agora em um período de intensa vigilância para que novos casos não apareçam. A Libéria, por exemplo, chegou a comemorar o fim da epidemia. Mas, em duas ocasiões desde então, novos casos foram registrados.
Os governos, agora, esperam que o fim da doença signifique que o comércio com o restante do mundo seja retomado. Países como a China passaram a impedir a entrada de pessoas da Guiné, afetando os negócios e derrubando um PIB já desgastado.
Mas, desconfiados, cientistas e mesmo políticos locais alertam que não há tempo para festas. A OMS reconheceu há poucos meses seu fracasso em identificar e tratar da doença, antes que ela tenha se espalhado. Empresas foram acusadas de não desenvolver vacinas e tratamentos contra a doença, ainda que o vírus tenha sido conhecido e mapeado há mais de 30 anos.
Existem ainda dúvidas sobre a resistência do vírus, depois que cerca de dez casos foram registrados desde março. Num dos casos, uma criança poderia ter sido contaminada depois de tomar leite materno. Sua mãe havia sido uma sobrevivente do ebola.
Segundo reconheceu a própria OMS, o vírus poderia persistir em uma pessoa durante meses e transmitido pelo sêmen.
Vacinas experimentais tem sido testadas, enquanto tratamentos estão sendo desenvolvidos para erradicar os últimos traços do vírus em pessoas que sobreviveram. Até mesmo a última paciente da doença na Guiné, uma menina cuja mãe morreu por conta do vírus, apenas sobreviveu graças a um tratamento experimental.
Reconstrução. Para Letizia Di Stefano, coordenadora da entidade Médicos Sem Fronteira, centenas de pessoas ainda precisarão de apoio psicológico e uma campanha deve existir para permitir que os sobreviventes possam voltar a ser aceitos em suas comunidades. Um dos desafios é o de superar o estigma.
Para o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, o custo "humano e econômico foi enorme". "Precisamos continuar apoiando os sobreviventes e todos afetados pelo vírus", insistiu. "O Banco Mundial vai apoiar a reconstrução dessas economias e o fortalecimento dos sistemas de saúde", indicou. Para ele, a meta não é apenas a de colocar um fim à atual crise, mas a de evitar uma nova pandemia mundial.
Um dos principais diagnósticos da doença apontou que a falta de investimentos na Saúde havia aprofundado a crise. Antes mesmo da epidemia, os países afetados estavam entre os mais pobres do mundo, com menos de 200 médicos atuando e com mais de 80% da população sem acesso à saúde.
Para a OMS, uma das prioridades em 2016 será a de fortalecer os sistemas de saúde dos países afetados, inclusive para tratar outras doenças e recuperar avanços que foram anulados por conta do ebola. Apesar de classificar a data como "um marco", a OMS insiste que o trabalho não acabou.
A vitória sobre a doença chegou com mais de seis meses de atraso em relação às previsões iniciais da OMS. O trabalho a partir de agora, porém, será o de reconstruir três países que foram colocados de joelhos diante de um surto sem precedentes. A OMS chegou a alertar que o Oeste da África vivia uma "guerra" e apelou a medidas drásticas para impedir que o resto do mundo fosse afetado.
Nos meses que se seguiram ao registro de dezembro de 2013, os casos se proliferaram e cruzaram a fronteira da Guiné para a Libéria e Serra Leoa, causando mais de 11,3 mil mortos, 28 mil contaminados e destruindo economias inteiras. 6 mil crianças hoje perderam o pai, a mãe ou ambos por conta da doença.
Os estudos apontam que tudo começou com a morte de um garoto, Emile, no vilarejo de Meliandou, na área de floresta da Guiné. Num primeiro momento, médicos chegaram a ser atacados por populações locais, acusados de estarem infectando centenas de pessoas. Cidades inteiras foram isoladas, o Exército ocupou as ruas e os países chegaram a ser isolados do mundo.
VIGILÂNCIA
Mas o fim do surto não significa o fim da guerra. Os países vão entrar agora em um período de intensa vigilância para que novos casos não apareçam. A Libéria, por exemplo, chegou a comemorar o fim da epidemia. Mas, em duas ocasiões desde então, novos casos foram registrados.
Os governos, agora, esperam que o fim da doença signifique que o comércio com o restante do mundo seja retomado. Países como a China passaram a impedir a entrada de pessoas da Guiné, afetando os negócios e derrubando um PIB já desgastado.
Mas, desconfiados, cientistas e mesmo políticos locais alertam que não há tempo para festas. A OMS reconheceu há poucos meses seu fracasso em identificar e tratar da doença, antes que ela tenha se espalhado. Empresas foram acusadas de não desenvolver vacinas e tratamentos contra a doença, ainda que o vírus tenha sido conhecido e mapeado há mais de 30 anos.
Existem ainda dúvidas sobre a resistência do vírus, depois que cerca de dez casos foram registrados desde março. Num dos casos, uma criança poderia ter sido contaminada depois de tomar leite materno. Sua mãe havia sido uma sobrevivente do ebola.
Segundo reconheceu a própria OMS, o vírus poderia persistir em uma pessoa durante meses e transmitido pelo sêmen.
Vacinas experimentais tem sido testadas, enquanto tratamentos estão sendo desenvolvidos para erradicar os últimos traços do vírus em pessoas que sobreviveram. Até mesmo a última paciente da doença na Guiné, uma menina cuja mãe morreu por conta do vírus, apenas sobreviveu graças a um tratamento experimental.
Reconstrução. Para Letizia Di Stefano, coordenadora da entidade Médicos Sem Fronteira, centenas de pessoas ainda precisarão de apoio psicológico e uma campanha deve existir para permitir que os sobreviventes possam voltar a ser aceitos em suas comunidades. Um dos desafios é o de superar o estigma.
Para o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, o custo "humano e econômico foi enorme". "Precisamos continuar apoiando os sobreviventes e todos afetados pelo vírus", insistiu. "O Banco Mundial vai apoiar a reconstrução dessas economias e o fortalecimento dos sistemas de saúde", indicou. Para ele, a meta não é apenas a de colocar um fim à atual crise, mas a de evitar uma nova pandemia mundial.
Um dos principais diagnósticos da doença apontou que a falta de investimentos na Saúde havia aprofundado a crise. Antes mesmo da epidemia, os países afetados estavam entre os mais pobres do mundo, com menos de 200 médicos atuando e com mais de 80% da população sem acesso à saúde.
Para a OMS, uma das prioridades em 2016 será a de fortalecer os sistemas de saúde dos países afetados, inclusive para tratar outras doenças e recuperar avanços que foram anulados por conta do ebola. Apesar de classificar a data como "um marco", a OMS insiste que o trabalho não acabou.