Governo encomendará 500 mil kits de testes para o vírus zika

Ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse neste sábado que até o fim do ano o governo vai encomendar os kits para identificar simultaneamente dengue, zika e chikungunya

Ministro Marcelo Castro - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Rio - O teste que irá identificar simultaneamente dengue, zika e chikungunya será disponibilizado prioritariamente para mulheres grávidas, afirmou neste sábado, no Rio, o ministro da Saúde, Marcelo Castro. Um dia após a confirmação das três primeiras mortes por chikungunya no país, o ministro apresentou na Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) o novo kit de diagnóstico desenvolvido pela instituição. Atualmente é necessário realizar os três exames separadamente. Até o fim do ano o ministério vai encomendar 500 mil kits.

Durante a divulgação do kit, o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Instituto Carlos Chagas, Marco Krieger, explicou que a leitura da análise sairá em duas ou três horas. Ontem, o ministério divulgara que esse tempo seria de apenas vinte minutos. Os resultados dos testes atuais podem levar um dia inteiro, segundo Krieger. Uma outra vantagem do novo kit, além da rapidez, é que ele já vem pronto para uso e é padronizado, reunindo todos os insumos em um único pacote. Isso evita inconsistências nos lotes de produtos.
O kit identifica o vírus, mas não o estágio da doença.

Apesar da gravidade das três enfermidades transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, e da epidemia já admitida de chikungunya, o ministro da Saúde fez questão de destacar que o zika é a maior preocupação do governo, em função de sua associação à microcefalia em bebês. O país já registra em torno de 3.500 casos da doença.

Ao ser questionado sobre a recomendação das autoridades de saúde dos Estados Unidos para que grávidas evitem viagens ao Brasil e a outros países onde o vírus zika está se espalhando, o ministro da Saúde considerou o alerta prudente. "Não foi uma recomendação para não virem, mas para tomarem certos cuidados. Não podemos achar exagero se estão recomendando o mesmo que nós", afirmou, mencionando cuidados como o uso de repelente e roupas que evitem a exposição ao mosquito. "Estamos vivendo uma epidemia de microcefalia e a gestante deve fazer tudo para não ser picada."

Recentemente Castro chegou a declarar, em tom de brincadeira, que esperava que as mulheres contraíssem o zika antes de entrarem em idade fértil. Na Fiocruz, ele voltou a afirmar que a epidemia de microcefalia criará uma geração de pessoas dependentes de cuidados especiais.

O Ministério da Saúde está apoiando pesquisas da Fiocruz, Butantã e Instituto Carlos Chagas para desenvolver uma vacina contra o zika, mas o ministro reconhece que isso levará anos. Castro descartou a busca de um financiamento internacional para o combate aos vírus e garantiu que não faltarão recursos.

Diagnóstico


A expectativa é que o novo kit diagnóstico da Fiocruz acelere a identificação das doenças possibilitando o tratamento correto, e que reduza o custo dos testes, já que haverá substituição de insumos estrangeiros por produtos nacionais. O diagnóstico do vírus zika é feito hoje com o uso da técnica molecular RT-PCR em tempo real, que identifica a presença do material genético na amostra.

O Kit NAT Discriminatório, como foi batizado o teste, traz uma combinação pronta de reagentes, o que deve acelerar a análise das amostras e a liberação dos resultados. A análise conjunta é especialmente relevante para regiões em que os vírus circulam ao mesmo tempo. Os primeiros 50 mil kits produzidos pela Fiocruz devem ser distribuídos inicialmente a 18 dos 22 Laboratórios Nacionais de Saúde Pública.

A estimativa é que a nacionalização dos kits represente uma economia de 50% aos cofres públicos. Segundo a Fiocruz o custo para a realização do diagnóstico é de US$ 20 (R$ 80) por teste, contra cerca de R$ 900 em laboratórios privados. O desenvolvimento do kit para diagnóstico simultâneo dos três vírus foi um trabalho conjunto do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e do Instituto Oswaldo Cruz, com apoio do Instituto Carlos Chagas, do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães e do Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz..