No fim da manifestação, por volta das 22 horas, no centro, uma agência bancária foi depredada e lixo foi queimado em um princípio de tumulto - três pessoas foram detidas. Ainda na concentração, dois jovens foram presos, um com um martelo e o outro com um estilingue. Eles foram levados pela Polícia Militar ao 14.° Distrito Policial (Pinheiros).
O clima entre os estudantes era diferente da tensão entre os black blocs, que, novamente, formaram a linha de frente das passeatas. "Nós, secundaristas, dissemos que não iríamos parar por ali (com o fim das ocupações). Estamos aqui não só contra a tarifa, mas também pelo nosso futuro. Eu, que moro em Cotia e estudo em Pinheiros, não tenho passe livre e tenho de pagar para estudar", disse Yasmin Brandão, de 16 anos, aluna da Escola Técnica Estadual Guaracy Silveira, em Pinheiros.
"Participei da ocupação na Escola Estadual Fernão Dias e o grupo manteve contato para nossa luta por um futuro melhor não acabar", afirmou Yasmin, que foi ao ato com mais 15 colegas da mesma escola.
O estudante Heudes Cássio de Oliveira, de 18 anos, que esteve à frente da ocupação da Fernão Dias e é do MPL desde 2013, disse que o ensino é "apenas" uma das lutas dos secundaristas. "Quando desocupamos a Fernão, demos o recado: R$ 3,80, não", afirmou.
O MPL informou os trajetos com antecedência e recebeu o aval da PM.
Bloqueio
A concentração começou às 17 horas e, duas horas depois, parte do grupo seguiu pela Avenida Rebouças no sentido centro e outra pela Faria Lima. O cruzamento de um dos principais corredores de ônibus da capital foi bloqueado.
Passageiros tiveram de descer dos coletivos. "Acho certo o protesto, porque a tarifa ficou muito cara e atrapalha quem trabalha. Mas é muito ruim para a gente, que está saindo do serviço", disse a cozinheira Gabriela de Oliveira, de 22 anos. Ela seguiu a pé até o Terminal Pinheiros. A tarifa foi reajustada no dia 9 deste mês.
Um dos PMs que acompanhavam a passeata era o tenente-coronel André Luiz Oliveira, que liderou a operação da Avenida Paulista na semana passada, que não chegou a sair. Ele reclamou da tática do MPL. "A concentração aqui não é o melhor lugar para se fazer, pois atrapalha muito a cidade", afirmou. A PM, porém, acompanhou os manifestantes. A tenente-coronel Dulcinéia Lopes de Oliveira acompanhou o MPL até o Palácio dos Bandeirantes.
Passeatas. No ato que seguiu para a Prefeitura, a PM cercou os black blocs, que estavam à frente da passeata. Era visível a maior presença de mascarados no grupo que partiu para o centro. Até as 21 horas, a PM não havia informado o número de manifestantes neste percurso.
Ao chegar à Avenida Paulista, o ato do MPL encontrou forte efetivo.
Na sequência, black blocs quebraram a vidraça de uma agência do Itaú na Rua Barão de Itapetininga e incendiaram caçambas de lixo na Rua 7 de Abril. As Estações República e Anhangabaú do Metrô tiveram os acessos fechados. Os manifestantes se sentaram na frente dos portões. Não houve confronto, mas a Tropa de Choque usou duas bombas de efeito moral para dispersar o grupo na Avenida Ipiranga às 22h40.
No caminho dos manifestantes que seguiram para o Palácio dos Bandeirantes, os seguranças do Shopping Iguatemi fecharam as portas. "Eles têm de fazer isso no domingo para não atrapalhar ninguém", disse a esteticista Celia Fagundes, de 43 anos.
O ato foi acompanhado por 300 pessoas, segundo a PM. Não houve tumulto até as 21 horas. No Palácio dos Bandeirantes, o MPL anunciou o próximo ato para quinta-feira, 21,, no Terminal Parque D. Pedro, no centro da capital, às 17 horas.
Sem-teto. Em apoio ao MPL, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fez dois protestos simultâneos nas Estações Itaquera (zona leste) e Capão Redondo (zona sul) do Metrô.