A organização foi duramente afetada pela demora em lidar com o surto do Ebola, a partir de 2014. A OMS foi obrigada a passar por uma reforma e adotou uma postura de maior controle sobre surtos pelo mundo, justamente para evitar que possam se proliferar sem controle.
"Ebola mostrou que um surto num lugar pode chegar rapidamente ao outro lado do mundo", disse Chan. "Estamos mais alertas. Não existem mais surtos locais", insistiu. Investigações internas na entidade apontaram que governos e mesmo entidades internacionais abafaram por meses os casos de Ebola, na esperança de que o surto desaparecesse sozinho, sem afetar as economias locais. A OMS também admitiu sua culpa ao fazer um alerta sobre o caso apenas quatro meses depois dos primeiros registros.
Falando sobre o caso do zika vírus, a diretora apelou a todos os governos que sigam o regulamento internacional de saúde e que notifiquem cada um dos casos para a OMS.
O principal temor ocorre diante da possível ligação entre a infecção e a microcefalia, disse Chan. "Essa relação não tem sido estabelecida. Mas os indícios são preocupantes", apontou, alertando ainda que sintomas neurológicos também tem sido registrados.
Proliferação
Num comunicado emitido, a entidade regional da OMS - a Organização Panamericana de Saúde - constatou que a proliferação do zika vírus vai continuar e que governos e sociedades precisam estar prontos para lidar com os casos. Num total, 21 países das Américas já registram casos. Mas a previsão é de que todos os locais com a presença do mosquito Aedes "provavelmente" terão a doença.
O mosquito está presente em todos os países do Hemisfério Ocidental, salvo no Chile e Canadá. "A Opas antecipa que o Zika vírus vai continuar a se espalhar e provavelmente vai atingir todos os países e territórios onde os mosquitos sejam encontrados", disse.
Na quinta-feira, em Genebra, a OMS fará uma reunião especial sobre o tema, com todos os países implicados.
Transmissão
A OMS também confirmou que detectou um caso em que há uma "possível transmissão" do vírus por uma relação sexual. Mas novas evidências serão necessárias para determinar se esse caso é apenas isolado.
No que se refere às grávidas, a entidade em Genebra pede que as mulheres sejam "cuidadosas" e que visitem seus médicos antes de viajar para regiões afetadas.
Mas não faz qualquer tipo de recomendação sobre adiar gravidezes nos países afetados. Jamaica, Colômbia, Equador e El Salvador anunciaram na semana passada que estavam sugerindo às mulheres que adiassem planos de ter filhos.
Para a Opas, porém, "qualquer decisão de adiar uma gravidez é individual, entre a mulher, seu parceiro e seu médico".
A melhor forma de proteção continua sendo a de combater os focos do mosquito e usar repelente, além de camas com redes e roupas de manga larga..