O método foi desenvolvido pela equipe de José Eduardo Levi, chefe do Departamento de Biologia Molecular da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo, ligado à Universidade de São Paulo (USP) e à Secretaria de Estado da Saúde, e será submetido logo após o carnaval à aprovação do Comitê de Ética. Só com esse aval, o teste entra em operação.
De acordo com Levi, o exame é semelhante ao que vem sendo usado para fazer o diagnóstico da doença - a partir da tecnologia de PCR, que identifica fragmentos do DNA do vírus. Ele já vinha trabalhando para desenvolver a técnica para as bolsas de sangue desde a chegada do zika ao Brasil, e ganhou um impulso depois que foi identificado, em Campinas, um caso de contaminação por transfusão.
Num primeiro momento, por ainda não haver tecnologia e recursos para testar em todas as bolsas de sangue, o foco serão as gestantes e os fetos, grupos mais suscetíveis por causa da suspeita de que o zika possa levar à microcefalia. Das cerca de 12 mil bolsas do Hemocentro, cerca de 20 devem ser testadas - 0,17%. A medida, no entanto, é preventiva, já que não existe comprovação de que o vírus contraído via transfusão traga de fato o risco ao feto.
Com a dengue, por exemplo, vírus semelhante ao zika, sempre se soube que ele pode ser transmitido em transfusão, mas não existe relato de receptores que ficaram doentes. Por isso, nunca houve a necessidade de testar o sangue. "Mas não podemos fazer a mesma analogia com o zika, porque também nunca ninguém tinha visto microcefalia em caso de dengue.
O pesquisador aponta que a suspeita de relação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré também preocupa e que se houver algum indicativo de que ela é transmitida em transfusão, o teste talvez tenha de ser ampliado. Outra vantagem de testar se os doadores estão infectados é o aumento do diagnóstico no Estado. .