Zika ameaça vinda de atletas dos EUA ao Brasil

Comitê Olímpico norte-americano orientou competidores a desistir de participar da Olimpíada no Rio, em agosto, caso se sintam ameaçados pela epidemia que atinge o país

Estado de Minas

Os Jogos Olímpicos do Rio’2016, em agosto, podem ficar sem algumas das maiores estrelas do esporte mundial.

O Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC), líder nos quadros de medalha, orientou atletas e comissões técnicas a desistir de vir ao Brasil caso se sintam ameaçados pelo zika vírus. A questão foi discutida em janeiro, por uma teleconferência entre atletas, funcionários e dirigentes de federações esportivas norte-americanas. Segundo o presidente do conselho e membro da Federação de Esgrima, Donald Anthony, a orientação é de que ninguém deve vir à competição caso não se sinta confortável. Já Will Conell, da Federação Equestre, fez questão de deixar claro que a decisão cabe a cada atleta.

Mark Jones, porta-voz doUSOC, confirmou que Alan Ashley, chefe de performance esportiva da entidade, avisou líderes de federações sobre as recomendações. A entidade vai garantir que os atletas recebam todas as atualizações das autoridades de saúde até agosto, para que tenham informações para sustentar suas decisões de vir ou não ao Brasil. De acordo com o USOC, o vírus zika pode ser uma ameaça, tornando a decisão de cada atleta difícil. Os centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, já vinham aconselhando norte-americanas grávidas, ou as que consideram engravidar, a evitarem viajar para lugares onde o zika foi registrado.
Nas últimas semanas, o discurso do Comitê Olímpico Internacional (COI) é o de que as delegações devem se proteger o máximo possível quando estiverem no Brasil.

REFORÇO Barack Obama está pedindo ao Congresso norte-americano mais de US$ 1,8 bilhão em fundos de emergência para ajudar a combater o zika vírus. Em um anúncio ontem, na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos disse que o dinheiro seria usado para expandir programas de controle do mosquito, acelerar o desenvolvimento de uma vacina, aprimorar os exames de diagnóstico e ampliar o apoio a mulheres de baixa renda grávidas. “O que sabemos neste momento é que parece existir um risco significativo para mulheres grávidas e para aquelas que estão pensando em engravidar”, disse Obama.

O pedido para o Congresso é separado do orçamento para o próximo ano fiscal que Obama apresentará ao Congresso hoje: a Casa Branca busca obter recursos para combater a zika mais rapidamente do que o processo orçamentário regular permitiria. Funcionários da administração devem conversar, ainda hoje, sobre o plano de prevenção da zika com o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e outros líderes do Congresso. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), há 26 países e territórios nas Américas com transmissão local do vírus da zika. Até o momento, não houve transmissão do vírus por mosquitos dentro dos Estados Unidos, mas alguns americanos voltaram infectados para os EUA de locais afetados.

A maior parte do dinheiro seria alocada para lançar programas de educação e estabelecer equipes de resposta rápida, além de melhorar a capacidade laboratorial. O Brasil se beneficiaria diretamente dessa última ação, já que os exames que confirmaram os 17 casos de microcefalia já relacionados ao zika estão sendo feitos nos Estados Unidos. O Ministério da Saúde e os estados ainda investigam 3.670 casos suspeitos da malformação. Além disso, 404 casos já tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central e outros 709 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.783 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 30 de janeiro, no Brasil.

Cerca de US$ 250 milhões seriam alocados em assistência especificamente para Porto Rico. A ilha está no meio de uma crise fiscal. Mais US$ 200 milhões seriam para a pesquisa e comercialização de novas vacinas e exames de diagnóstico. O restante, cerca de US$ 335 milhões, seria para a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
O dinheiro ajudaria os países afetados na América do Sul, América Central e Caribe para fornecer treinamento aos funcionários do setor de saúde, estimular a pesquisa por parte do setor privado e ajudar as mulheres grávidas a obter acesso a repelentes, para proteção contra mosquitos.

Segundo a Casa Branca, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças registrou 50 casos confirmados em laboratório entre americanos que viajaram, entre dezembro do ano passado e o dia 5 de fevereiro. Até o momento, o único caso recente de transmissão dentro dos EUA ocorreu no Texas e acredita-se que se deu através do contato sexual. O governo norte-americano pretende levantar US$ 250 milhões em fundos para ajudar Porto Rico a lutar contra o aumento do número de casos de pessoas infectadas com o zica vírus, após uma autoridade local ter declarado estado de emergência na saúde pública. Porto Rico é um dos territórios dos Estados Unidos.

 

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