O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse acreditar que 40% das notificações de microcefalia no País estejam relacionadas ao zika.
A avaliação foi feita um dia depois da polêmica em torno da mudança no formato do informe epidemiológico, que não traz mais números de exames que já comprovaram laboratorialmente infecção por zika. No boletim anterior, com dados até o dia 6, o Ministério da Saúde havia relatado 41 casos de bebês cujos testes confirmaram a presença do vírus.
O número era considerado baixo pelo governo e, conforme a reportagem do Estado apurou, por uma determinação do ministro passou a ser omitido. A mudança provocou mal-estar dentro da pasta. Parte dos técnicos, que defendia a divulgação dos números, considerou a omissão como uma estratégia para inflar os números e reforçar os argumentos para aprovação no Congresso da CPMF para financiar a Saúde.
Castro reafirmou nessa quinta, 18, estar convicto de que o número de casos de microcefalia relacionados ao zika é superior ao que foi apontado nos exames laboratoriais até agora. E que houve infecção por zika na "maior parte" das mães que tiveram bebês com microcefalia. Minutos depois, no entanto, admitiu que a estimativa usada pelo ministério não chega nem mesmo à metade dos casos.
Desde essa quinta, a notificação de casos suspeitos por zika é obrigatória no País. Com a medida, profissionais de saúde devem comunicar autoridades sanitárias semanalmente se atenderam pacientes com suspeitas da doença. No caso de gestantes, a comunicação deve ser imediata. "Agora temos testes que nos permitem dar com segurança o diagnóstico do vírus."
As declarações foram dadas durante uma reunião bilateral Brasil-EUA. No encontro, que termina nesta sexta, 19, representantes dos dois países discutem estratégias para prevenção da doença e no combate ao Aedes aegypti. "O mais importante é a vacina", disse Castro. Ao fim do encontro, será divulgado um cronograma de medidas.
Dengue
O ministro afirmou ainda que os testes clínicos da vacina contra dengue Brasil-EUA começam na próxima semana. O estudo deverá ser feito com 17 mil voluntários, com faixas etárias distintas: de 2 a 6 anos, de 7 a 17 e de 18 a 59. Apenas uma parte foi recrutada, mas a quantidade é suficiente para dar início aos trabalhos.
.