Uma ambulância o levou ao Hospital Estadual Walfredo Gurgel, principal emergência da capital potiguar. O microempresário ainda falava com dificuldade ao chegar. O médico avisou a família que a situação pioraria: os pulmões foram afetados pela doença paralisante.
Há 20 dias, Silva Neto está na UTI do hospital.
A doença apareceu após os sintomas clássicos de zika - marcas vermelhas no corpo, dores de cabeça, febre. "Ele pensou que fosse dengue. A família chegou assustada e eu tive de avisar: vai piorar. Quando vocês voltarem amanhã, ele estará entubado. Vai entender o que vocês falarem, mas não vai responder. É assim: piora antes de passar", contou o coordenador da UTI, Alfredo Jardim.
O drama de Silva Neto se mistura ao das emergências públicas superlotadas. No leito quase em frente, uma mulher se agita e o lençol cai, deixando os seios à mostra.
Na quarta-feira, um neurologista não pôde fazer a punção de líquor em uma paciente com suspeita de Guillain-Barré porque a mulher estava em uma cadeira. O exame, que consiste em retirar o líquido que percorre a medula espinhal, só poderia ser feito se ela estivesse deitada. O médico chamou o professor Mário Emílio Dourado, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para avaliar a paciente. Não a encontraram mais; estava perdida em meio a dezenas de doentes espalhados pelos corredores. Só no dia seguinte Dourado soube que a moça ocupava o leito 251 da enfermaria.
Evolução
A Guillain-Barré é desencadeada pela resposta do organismo a uma infecção. Os anticorpos confundem o micróbio com as células do sistema nervoso e as atacam. Na forma clássica, a pessoa perde a sensibilidade de pernas e braços e tem paralisia facial.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..