Polícia não descarta motivação política em morte de advogado

Tese é vista como menos provável, no entanto. Principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por desavenças entre o advogado e um cliente

- Foto: Reprodução/Facebook
São Paulo, 23 - A Polícia Civil investiga se o suspeito de assassinar a tiros o advogado criminalista e suplente de vereador Leandro Balcone Pereira (PSB), de 35 anos, em Guarulhos, na Grande São Paulo, utilizou algum veículo para praticar o crime. Em imagens de câmeras de segurança, o homem aparece a pé na Rua Marajó, onde fica o escritório do advogado. A principal suspeita, no entanto, é de que o assassino tenha chegado e fugido da região de carro.

Balcone foi alvo de pelo menos 11 tiros de calibre 380, na manhã de terça-feira, 22, dentro do escritório onde trabalhava. A execução aconteceu por volta das 11h30 e, segundo testemunhas, a ação do assassino foi rápida. A perícia encontrou ferimentos provocados por balas nas mãos do advogado - sinal que a vítima tentou se defender dos disparos. Alguns tiros pegaram de raspão, o que fez a polícia acreditar, em um primeiro momento, que Pereira também teria sofrido facadas.

O assassino é apontado como um homem branco, com cerca de 50 anos, gordo, calvo, que usava óculos de grau, camisa azul e calça jeans. Segundo uma testemunha ouvida pela polícia, ele se apresentou como cliente e a própria vítima abriu a porta do escritório para o suspeito. Aos policiais, a testemunha afirmou que nunca havia visto o homem frequentar o escritório de Balcone antes do crime.

Nas imagens de câmeras de segurança, colhidas de dois pontos comerciais da rua, um suspeito com a mesma descrição dada pela testemunha aparece a pé, instantes antes da execução.
Os policiais, entretanto, acreditam que o assassino usou um veículo que não teria sido flagrado nas filmagens para chegar próximo ao local e facilitar a fuga. Uma busca foi feita no quarteirão do crime, mas nenhum homem com as características descritas foi encontrado.

A testemunha também reconheceu o suspeito das filmagens como sendo a mesma pessoa que entrou no escritório do advogado. Ele ainda não teve o nome nem a idade correta descoberta pela polícia.

Para a Polícia Civil, a principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por desavenças entre o advogado e um cliente. Investigadores da Delegacia de Homicídios de Guarulhos devem ouvir parentes e a noiva da vítima até a próxima quinta-feira, 24, para saber se Balcone foi vítima de ameaças recentemente.

Embora considere uma tese menos provável, os policiais também não descartam uma possível motivação política para o assassinato. O advogado participava de movimentos contrários ao governo Dilma Rousseff (PT).

Nesta semana, Balcone postou nas redes sociais um texto no qual criticava a corrupção e defendia a prisão de políticos denunciados na Operação Lava Jato. Disse também que estava recebendo ameaças por ser criminalista e defender a "prisão do chefe da quadrilha".

Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), Marcos da Costa, lamentou a morte de Balcone e informou que a instituição vai acompanhar as investigações da Polícia Civil. "Era um jovem que se destacava na liderança da advocacia em Guarulhos", disse. Balcone completaria 36 anos no dia 29 de março..