Em nota, a universidade reconheceu os problemas e alegou estar investigando o caso do aluno acusado de estupro. A instituição também admitiu o "inadequado acompanhamento" de um caso de violência ocorrido em 2015 e pediu desculpas.
O campus ocupa uma área de 3.200 hectares, onde 40 vigilantes tentam oferecer segurança aos 10.683 estudantes distribuídos em três turnos de aula. A instituição alega falta de dinheiro para contratar mais agentes.
Uma universitária que diz ter sido vítima de estupro em 2013 criou na semana passada o perfil "Abusos cotidianos - UFRRJ", que reuniu, em cinco dias, 615 casos de violência contra mulheres na universidade.
"Sofri uma tentativa de estupro no meu prédio de aula. Pedi ajuda à reitoria, e eles me disseram que eu era um caso isolado. Criei a página para expor a violência que sofri e dar voz a outras mulheres", conta a estudante, que não quer se identificar.
A maioria dos casos narrados é de mulheres que foram agarradas e beijadas à força, durante festas, mas também há relatos de relações sexuais forçadas sob ameaça ou violência. "Foi 2011.
Segundo a UFRRJ, houve sete casos de abuso sexual nas dependências do campus nos últimos cinco anos. A Polícia Civil não tem dados específicos do campus - em toda a área abrangida pela 48ª DP (Seropédica) foram registrados 28 casos de estupro em 2015. Em 2016 houve dois registros até fevereiro - não há dados mais atualizados. Segundo as alunas, porém, o número de casos é muito maior, e nem todas as vítimas os registram na Polícia.
O caso que mais repercutiu ocorreu em março. Após o crime, segundo colegas, o autor teria exibido no campus a calcinha da vítima.
Resposta
Em nota, a UFRRJ "reconhece que existem problemas de segurança no campus Seropédica". "A Administração Central registra um pedido de desculpas em relação a outro caso de violência, ocorrido em 2015, ao inadequado acompanhamento do mesmo", continua. Sobre o caso mais recente, a instituição diz que "assim que o gabinete da Reitoria tomou conhecimento do fato, o professor Eduardo Mendes Callado, vice-reitor da UFRRJ, prestou todo o apoio necessário à vítima, tendo acompanhado a mesma até a 48ª DP (Seropédica), onde foi feito o registro de ocorrência. O gabinete da Reitoria formou um processo e o encaminhou à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes), solicitando a sua imediata apuração. O professor César Augusto Da Ros, pró-reitor de Assuntos Estudantis, determinou a abertura de um processo administrativo e disciplinar, designando uma comissão de servidores (...) incumbidos da apuração dos fatos. Ao término dos trabalhos, a Proaes adotará todas as providências previstas no Regimento Geral"..