São Paulo, 25 - Mesmo com a adoção do Sisu, o número de alunos de escola pública que entraram na Universidade de São Paulo (USP) recuou para 34,6% neste ano. Para se aproximar da meta de 50% de ingressos da rede pública até 2018, a instituição quer aumentar o número de vagas disponíveis no programa, alterar as chamadas e reduzir as notas de cortes exigidas em cada curso.
Em 2015, o porcentual de ingressos de escola pública na USP era de 35,1%, mas a universidade havia projetado um avanço de quatro pontos percentuais a partir do Sisu, que não aconteceu. Neste ano, das 1.038 vagas destinadas no programa a alunos da rede pública, foram preenchidas 567 - um pouco mais da metade.
Já o total de matrículas preenchidas pelo Sisu foi de 814, somando também as modalidades de ampla concorrência, com 163 alunos, e PPI (preto, pardo e índio), com 84 matrículas efetuadas. O número representa apenas 55% das vagas oferecidas no programa: 1.489, ao todo. As remanescentes forma encaminhadas à Fuvest.
Para o pró-reitor de Graduação da USP, Antônio Carlos Hernandes, a "experiência do Sisu" apresentou dois problemas principais. O primeiro foi realizar apenas quatro chamadas, fixadas em edital. Com isso, alunos que se matricularam antes pelo Sisu, mas depois passaram na Fuvest, acabaram migrando e "fechando" vagas no programa.
"Houve o caso da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, por exemplo, que preencheu as 10 vagas disponíveis já na primeira chamada. Depois, cinco alunos passaram em Pinheiros pela Fuvest - e nós não pudemos fazer outra chamada para o Sisu", explicou.
Por esse motivo, segundo Hernandes, a USP pretende mudar o sistema de convocação. "Vamos fazer chamadas até preencher o número total de vagas", disse. Ao todo, 205 alunos foram aprovados tanto no Sisu quanto na Fuvest.
Corte
O outro problema é a média de corte, que para alguns cursos chegou até a ser de 700 pontos no Enem, para o preenchimento das vagas. "A nota mínima não serve para nada, só para espantar os meninos", afirmou Hernandes. "Aluno com média 700 em todas as matérias só existem 122 no Brasil, segundo me disse o Inep."
Além de reduzir a exigência, outra recomendação feita às unidades de ensino é para aumentar o número de vagas disponíveis no Sisu. "Certeza é que teremos, no mínimo, as 1.489 vagas que já foram disponibilizadas, mas a gente quer subir para 20% do total", afirmou Hernandes. Neste ano, o programa representou 13,5% das vagas da USP.