"O gravíssimo delito praticado contra essa menor - mulher e, nessa condição, sujeita a todos os tipos de violência em nossa sociedade - repugna qualquer ideia de civilização ou mesmo de humanidade. É inadmissível, inaceitável e insuportável ter de conviver sequer com a ideia de violência contra a mulher em nível tão assustadoramente hediondo e degradante", escreveu a ministra.
O texto foi divulgado neste sábado, 28, em redes sociais, por assessores da ministra. No comunicado, ela afirma que, em crimes como este, todas as mulheres são vítimas. "Não pergunto o nome da vítima: é cada uma e todas nós mulheres e até mesmo os homens civilizados, que se põem contra a barbárie deste crime, escancarado feito cancro de perversidade e horror a todo o mundo".
Para Cármen Lúcia, o crime contra a jovem atinge a todas as mulheres, sendo necessário que as autoridades trabalharem para que outros casos como este não se repitam. "Não é a vítima que é apenas violentada. É cada ser humano capaz de ver o outro e no outro a sua própria identidade. A nós mulheres não cabe perguntar quem é a vítima: é cada uma e todas nós".
No comunicado a ministra se põe no lugar da vítima da violência no Rio e cobra uma resposta das autoridades.
Não é a primeira vez que Cármen Lúcia assume postura a favor das mulheres. Coordenadora nacional da campanha Justiça pela paz em casa, encampada pelo Poder Judiciário, a ministra levanta a bandeira feminista desde que assumiu o cargo no STF.
Em 2007, ela foi a primeira mulher a usar calças na Corte. O traje, proibido às frequentadoras do plenário do STF, foi liberado em 2000, mas, até então, nenhuma ministra havia rompido com o protocolo. Na época, o ato simbólico da ministra foi interpretado como a quebra de uma tradição considerada machista.
Confira a nota de Cármen Lúcia na integra:
"O gravíssimo delito praticado contra essa menor - mulher e, nessa condição, sujeita a todos os tipos de violência em nossa sociedade - repugna qualquer ideia de civilização ou mesmo de humanidade.
É inadmissível, inaceitável e insuportável ter de conviver sequer com a ideia de violência contra a mulher em nível tão assustadoramente hediondo e degradante. Não é a vítima que é apenas violentada. É cada ser humano capaz de ver o outro e no outro a sua própria identidade.
A luta contra tal crueldade é intensa, permanente, cabendo a cada um de nós - mais ainda juízes - atuar para dar cobro e resposta à sociedade contra tal chaga da sociedade.
O que ocorreu não é apenas uma injustiça a se corrigir; é uma violência a se responsabilizar e a se prevenir para que outras não aconteçam.
Repito: a nós mulheres não cabe perguntar quem é a vítima: é cada uma e todas nós. Nosso corpo como flagelo, nossa alma como lixo. É o que pensam e praticam os criminosos que haverão de ser devida e rapidamente responsabilizados.
Ministra Cármen Lúcia - STF".