O resultado do exame ocorreu por causa da demora da vítima em fazer o registro na polícia e o exame de corpo de delito. Cristiana frisou que neste caso, a vítima estava desacordada e, portanto, não teria oferecido resistência, o que inviabilizaria a existência de uma lesão detectável no exame. "Vamos provar agora quantas pessoas praticaram o crime, se foram 10, se foram 15, mas que houve crime, houve", detalhou a delegada. Nas imagens, divulgadas pelos próprios agressores, um deles menciona "mais de 30" homens.
Cristiana, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima assumiu as investigações depois que o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), foi afastado. De acordo com a então advogada da vítima, Eloísa Samy Santiago, ele teria conduta inadequada no depoimento.
O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso afirmou que "não há provas tão robustas" de que o crime teria sido cometido por mais de 30 homens, mas que a polícia continua a buscar elementos que possam comprovar o que foi dito pela própria vítima e por um homem que aparece no vídeo divulgado na internet. A jovem disse para a polícia que foi atacada por 33 homens e que muitos deles estavam armados. A delegada da DCAV disse que, em casos de violência sexual, o depoimento da vítima tem peso muito grande.
Foragidos
Estão sendo procurados Sérgio Luiz da Silva Júnior, conhecido como Da Russa; Marcelo Miranda da Cruz Correa; Raphael Assis Duarte Belo; Michel Brasil da Silva; Lucas Perdomo Duarte Santos; e Raí de Souza. Da Russa é apontado como chefe do tráfico do Morro da Barão, na Praça Seca, onde ocorreu o crime. O Disque Denúncia oferece R$ 1 mil para quem der informações sobre seu paradeiro. Santos tinha um relacionamento com a vítima.
Nesta manhã, agentes da Polícia Civil estiveram em favelas e bairros da região à procura dos seis, sem sucesso. A ação foi coordenada pela delegada Cristiana Onorato, da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), e pelo diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada, Ronaldo de Oliveira.
Culpabilização da vítima
Em entrevista neste domingo ao Fantástico, da TV Globo, a adolescente declarou que está recebendo ameaças pela internet e que se sentiu desrespeitada na delegacia onde prestou dois depoimentos.
"Quando vim à delegacia, não me senti à vontade em nenhum momento. Acho que é por isso que as mulheres não fazem denúncias", disse a adolescente. Ao explicar o que aconteceu na delegacia, a jovem afirmou: "Tentaram me incriminar, como se eu tivesse culpa por ser estuprada".
No mesmo dia, a família decidiu dispensar a advogada Eloísa, que defendia a adolescente no caso. Ela será protegida pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, em parceria com o governo federal.
(Com Agência Estado).