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Estado de Minas

Menor foi estuprada por dois grupos, diz polícia

Imagens descobertas pela polícia em celular de acusado comprovam que adolescente de 16 anos foi vítima de pelo menos 10 a 12 agressores na mesma noite, mas em momentos diferentes


postado em 04/06/2016 06:00 / atualizado em 04/06/2016 08:30

Preso na terça-feira, Raí de Souza disse que havia jogado fora o celular. Polícia encontrou o aparelho ao cumprir mandado de busca e apreensão(foto: PAULO CAMPOS/Estadão Conteúdo)
Preso na terça-feira, Raí de Souza disse que havia jogado fora o celular. Polícia encontrou o aparelho ao cumprir mandado de busca e apreensão (foto: PAULO CAMPOS/Estadão Conteúdo)

Rio
– A polícia já sabe que a jovem de 16 anos que sofreu um estupro coletivo no Morro da Barão, na Praça Seca, foi atacada por pelo menos dois grupos diferentes (somando de 10 a 12 agressores) e em dois momentos distintos. Aos poucos, eles estão sendo identificados pelos agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).

De acordo com as investigações, depois de um baile funk, a adolescente seguiu, por volta das 7h do último dia 21, para uma casa na comunidade, acompanhada de Raí de Souza, de 22 anos, com quem teve relações sexuais, e do jogador de futebol Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20, além de mais uma jovem. Por volta de 10h, os três foram embora, deixando a adolescente para trás. Mais tarde, traficantes passaram pelo local e, ao verem a menina desacordada, decidiram levá-la para uma outra casa, chamada de “abatedouro” e usada pela quadrilha para a prática de sexo. De acordo com a polícia, o traficante Moisés Camilo de Lucena foi quem carregou a adolescente para o imóvel, onde, além dele, de seis a oito bandidos a estupraram.

Abandonada na casa, ela foi encontrada no local à noite, segundo as investigações, por Raphael Assis Duarte Belo, de 41, Raí e um terceiro traficante, identificado apenas como Jefinho. “De acordo com os depoimentos, Raí chegou a se perguntar o que ela estaria fazendo ali. Nesse momento, aconteceu o segundo estupro”, disse a delegada Cristiana Bento, da Dcav. “A adolescente foi estuprada primeiro por traficantes. Ela se lembra de ter acordado numa outra casa, o “abatedouro”, no momento em que Moisés a segurava. Mais tarde, na noite do mesmo dia, foi vítima pela segunda vez, agora de Raí, Raphael e Jefinho, que ainda filmaram aquelas imagens que circularam nas redes.

A Dcav localizou o celular de Raí com o qual foi gravado o vídeo da vítima e agora pretende descobrir quem divulgou as imagens na internet. Em depoimento, o suspeito havia dito que, por medo, jogara o aparelho fora. A delegada Cristiana Bento, no entanto, desconfiou da versão de Raí e conseguiu um mandado de busca e apreensão na Justiça para um endereço em Madureira que o suspeito costumava frequentar. “Vamos analisar agora os vídeos e postagens, para ver se encontramos mais provas e para saber se a divulgação partiu do celular dele ou do de outra pessoa”, disse Cristiana.

SUSPEITO LIBERADO Ontem, Lucas Perdomo, um dos três suspeitos presos sob a acusação de participação no estupro coletivo – os outros são Raí e Raphael –, foi libertado. Quando deixou o Complexo de Gericinó, Lucas afirmou que teve pesadelos e pretende retomar sua carreira de atleta – ele jogava no Boavista, time de Saquarema, da primeira divisão do Campeonato Carioca. Segundo a advogada, Lucas está abatido psicologicamente e quer deixar tudo para trás. “Agora é bola para frente, está provado que sou inocente”, afirmou o rapaz aos jornalistas, antes de seguir para casa, com a família.

A ordem de soltura foi expedida pela Justiça na noite de quinta-feira, mas ele só foi liberado na noite de ontem. O motivo, segundo a defesa do jogador, foi a demora do oficial de Justiça do Fórum de Bangu, responsável por levar alvarás de soltura ao complexo penitenciário de Gericinó, para reunir documentos relativos a outros presos. Familiares de Lucas estavam desde cedo na porta da penitenciária.

Na quinta-feira, a delegada Cristiana Bento já havia pedido à Justiça a revogação da prisão de Lucas, por achar que não há provas suficientes contra ele. No entanto, frisou que o atleta continuará sendo investigado, mesmo fora da prisão: “Ainda é cedo para afirmar que Lucas é inocente. Pedi a revogação de sua prisão temporária porque não há provas suficientes de sua suposta participação no estupro coletivo. Raí aparece no vídeo em que a vítima está nua e desacordada; Lucas não. Não há testemunhas que indiquem a presença dele no local do crime”. A delegada já sabe os apelidos de outros envolvidos. Cinco suspeitos já identificados permanecem foragidos.

Secretário liga ataques a crise


São Paulo – Recém-empossado na Secretaria da Segurança de SP e responsável por definir a estratégia para reduzir o número dos casos de estupro no estado, Mágino Alves Barbosa Filho afirmou ver relação desses crimes com a situação econômica do Brasil. Questionado sobre os 3 mil casos de estupro registrados em São Paulo, ele afirmou que “é um número que não se justifica, e é um tipo de crime muito difícil de combater”. Ele explicou ter levado uma estatística à reunião do Ministério da Justiça que “impressiona”. Segundo os dados, somente 30% dos crimes de estupro são cometidos por pessoas desconhecidas da vítima. 70% dos casos são cometidos por alguém que a vítima conhece, seja por uma relação de parentesco, seja por relação de amizade ou afetiva.


“É um crime muito difícil de mapear. Diferentemente do crime de roubo, que se identificam os locais de incidência e age-se pontualmente. Nesses 30% que são cometidos por desconhecidos da vítima, a gente precisa incentivar essas mulheres a notificar as ocorrências para uma ação mais eficiente. Mas infelizmente esse crime, como outros, é um pouco da consequência dessa crise que estamos vivendo”, afirmou na quarta-feira, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Mágino relaciona o desemprego como gatilho para a violência sexual. “O camarada perdeu o emprego. Ele começa a se desesperar, começa a beber. Um monte de gente, que nunca cometeria qualquer tipo de crime, hoje está praticando o pequeno ilícito e, às vezes, até esses crimes mais graves. O crime de estupro atualmente é um tipo mais aberto, aquele beijo forçado, uma situação de uma carícia imprópria configura o crime de estupro”, afirmou o secretário. “Não estou falando que é a principal causa, mas uma das causas com certeza é essa aí.”


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