A história da ex-modelo Luiza Brunet, 54 anos, que revelou ontem ter sido agredida pelo ex-companheiro Lírio Albino Parisotto, 62 anos, suplente de senador e um dos homens mais ricos do país, traz à tona a impressionante estatística de denúncias de violência sofrida por mulheres de todo o Brasil. Em 2015, foram registradas 76.651 denúncias de violência contra a mulher. Em 72% dos casos, os agressores eram homens com quem as vítimas se relacionavam ou já tinham tido algum vínculo afetivo, segundo dados da Secretaria de Política de Mulheres (SPM). O número, apesar de subestimado – já que muitas vezes as vítimas têm vergonha de denunciar –, é 44,74% maior que o total de registros de violência registrados em 2014.
É o que relatou a modelo, em entrevista sobre o caso. “É doloroso aos 54 anos ter que me expor dessa maneira. Mas eu criei coragem, perdi o medo e a vergonha por causa da situação que nós, mulheres, vivemos no Brasil. É um desrespeito em relação a gente. O que mais nos inibe é a vergonha.
“Fui para Nova York acompanhá-lo para o evento Homem do Ano. Saímos do restaurante e pegamos um Uber. Ao chegar ao apartamento, ele me deixou dentro do carro e subiu”. Ela disse que em seguida subiu também e que começaram uma discussão. Segundo a ex-modelo, o empresário começou a agredi-la verbalmente e, em seguida, foi atingida no olho com um soco. Em seu depoimento, Luiza também contou que o empresário ainda disparou uma sequência de chutes, a imobilizou e quebrou suas costelas. Antes disso, o empresário já tinha se enfurecido ao ser questionado se iria a uma exposição de fotos. Ele teria dito que não, pois da última vez havia sido confundido com Armando, ex-marido da modelo. A partir de então, ele se manteve em total descontrole, segundo o relato de Luiza Brunet. No dia seguinte, a ex-modelo voltou para o Brasil, onde fez exame de corpo delito e prestou queixa no Ministério Público de São Paulo. O advogado dela, Pedro Egberto da Fonseca Neto, disse que o empresário vai ser denunciado criminalmente com base na Lei Maria da Penha.
No dia 9 de junho, antes de o caso ser revelado, Brunet postou uma foto em seu perfil no Facebook de uma mulher com hematomas no rosto, com expressão de medo. “Bom dia! Está é a clássica foto sofrida por muitas mulheres no Brasil.
Imobilização Em seu perfil em uma rede social, o bilionário negou as acusações e acusou a ex-modelo de agredi-lo com “tapas, socos, chutes e mordidas”. “Amigos, peço um pouco de paciência a respeito de algumas informações que estão circulando nas diversas mídias. Nunca na vida agredi homem, muito menos mulher, que respeito muito. Quem me conhece sabe”, disse Parisotto em sua conta no Instagram. “Isto não me tira o direito de me defender de tentativas de agressão através de tapas, chutes, mordidas, unhadas etc... Tento me defender através da imobilização. Se o caso for para a justiça, será lá que será esclarecida a verdade. Muita paz às pessoas do bem.
Mais tarde, Parisotto também divulgou uma nota em que disse lamentar as “versões distorcidas” do caso. “Venho a público lamentar que versões distorcidas sobre um episódio ocorrido na intimidade estejam sendo divulgadas como única expressão da verdade. Embora compreenda a natural repercussão do caso pelas pessoas envolvidas, tenho a convicção de que no momento e nas esferas legais apropriadas todas as circunstâncias serão plenamente esclarecidas”, disse em nota. Procurado pela reportagem, o advogado de Luiza Brunet não retornou o pedido de entrevista.
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