Assassinato de estudante da UFRJ pode ser crime homofóbico, afirma delegado

Policial disse que Diego Vieira Machado vinha recebendo ameaças homofóbicas e racistas nos últimos dias. Corpo do estudante estava às margens da Baía de Guanabara

O estudante Diego Vieira Machado - Foto: Reprodução/instagram

Rio, 03 - O delegado Fábio Cardoso, que atua na Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro e é responsável por investigar a morte do estudante Diego Vieira Machado, afirmou nesse domingo, 3, que o crime pode ter motivação homofóbica. "Diego era homossexual e vinha recebendo ameaças homofóbicas e racistas nos últimos dias. Então há uma linha forte de investigação que aponta que a motivação desse crime tenha sido homofobia", afirmou.

Diego, que estudava Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e morava no alojamento da instituição, tinha marcas de espancamento. O corpo do estudante foi encontrado no fim da tarde de sábado, dia 2. Como o corpo estava nu da cintura para baixo, a polícia investiga também se ele foi alvo de violência sexual.

A família do jovem é do Pará e foi avisada pela reitoria da UFRJ, que lamentou a morte do jovem em nota oficial. "A reitoria se junta aos amigos e familiares do estudante neste momento de dor e informa que acompanhará de perto as investigações sobre o caso junto às autoridades policiais", diz o texto.
 

Para os amigos, Diego Vieira Machado também foi vítima de um crime de motivação homofóbica.

"Ele era teimoso, muito briguento. Mas só reagia aos ataques raciais e homofóbicos que sofria.

Eu testemunhei algumas brigas. Ele era uma pessoa boa", contou a estudante de Comunicação Pérola Gonçalves, de 22 anos, amiga de Machado.

A professora de Letras Georgina Martins também criticou, por meio das mídias sociais, a falta de segurança no campus. "Acordei hoje com meu filho chorando por conta dessa notícia horrível: um aluno da UFRJ, morador do alojamento, foi brutalmente assassinado dentro do campus por causa da sua orientação sexual. Ele foi morto à pauladas, ontem, dentro da Cidade Universitária, onde trabalhamos, estudamos e várias pessoas moram. Estou triste e com muito medo. Meu filho é gay, seus amigos são gays e circulam como deve ser, pelo campus do Fundão, todos os dias", escreveu.

"Dou aulas à noite, e assim como meus alunos e colegas de profissão, estamos à deriva pois não há transporte suficiente, não há iluminação, não há seguranças circulando pelo campus, não há ninguém que tome alguma providência. Desde sempre é assim, já denunciamos, já chamamos a imprensa e nada foi feito. Continuamos, à noite, abandonados no Fundão, torcendo para que o nosso ônibus chegue logo e nos tire daquele lugar escuro e deserto, como é o Fundão todas as noites e todos os fins de semana. Temos de liberar nossos alunos às 21h30, alguns muito antes disso, às 20h50, porque seus ônibus só circulam de hora em hora e eles moram longe, não moram na Zona Sul e não têm carro".

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