Brasília – Os 10 presos na quinta-feira, durante a Operação Hashtag, por suposta ligação com o Estado Islâmico (EI) estão desde a madrugada de ontem no Presídio Federal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Eles foram levados no jatinho da Polícia Federal e assim que chegaram passaram pelo procedimento-padrão que é receber os uniformes e cortar os cabelos.
Nos próximos 20 dias, eles estarão no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Ficarão isolados e tomarão banho de sol na própria cela, onde há espaço para isso. Só os advogados terão acesso a eles, pois as visitas íntimas e de familiares também estão proibidas nesse período, que serve de adaptação ao presídio. Por segurança, eles estão ocupando celas distantes um dos outros.
Um dos supostos terroristas que estava foragido se entregou ontem por volta das 18h. Ele estava na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade do Mato Grosso, fronteira com a Bolívia. A Polícia Federal ainda busca mais um suspeito como parte da Operação Hashtag que desarticulou um grupo que troca mensagens pelo WhatsApp e Telegram e que os investigadores consideraram uma coordenação de preparativos para executar ações violentas durante os Jogos Olímpicos do Rio, de 5 a 21 de agosto.
Os presos foram transferidos de 10 estados diferentes para o Mato Grosso do Sul. Alguns fizeram escala em Brasília, onde chegaram na noite de quinta-feira em voos da polícia, algemados e com escolta fortemente armada.
A maior parte dos presos tem entre 20 e 40 anos e se identificavam com nomes árabes. Eles faziam downloads de vídeos de execuções públicas e exaltavam atentados como o massacre de Orlando (EUA), onde um homem que se identificou como um “soldado islâmico” abriu fogo em uma boate gay e deixou 49 mortos em junho passado.
A maioria não se conhecia pessoalmente e eles participavam de um grupo chamado “Defensores da Sharia” (lei islâmica). Um dos integrantes chegou a procurar um fuzil AK-47 para comprar em um site no Paraguai. Segundo a justiça de Curitiba, que cuida do caso, eles “defendiam a intolerância racial, de gênero e religiosa, assim como o uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos”.
O Ministério Público Federal (MPF) informou que os suspeitos trocaram informações sobre como construir uma bomba caseira. Segundo o procurador da República Rafael Brum Miron foi o FBI (agência de inteligência americana) quem alertou o governo brasileiro sobre o grupo que agia no Brasil. Na véspera, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelo pedido de prisão, havia dito que a Justiça ainda deve estabelecer se esse grupo estava em condições de passar de palavras a ações.
Família
A mãe do funileiro Vitor Magalhães, um dos presos por suspeita de ligação com o Estado Islâmico, afirmou ontem que o filho vai provar que é inocente.
Casado e pai de dois filhos, de 2 e 5 anos, Vitor trabalha com o pai em uma funilaria em Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. “Só o que ele sabe fazer é estudar e trabalhar”, defende o pai, Francisco Magalhães, de 49 anos.
Fama
O Presídio Federal de Campo Grande tem capacidade para 208 detentos, mas atualmente abriga 140 presos, de acordo com informações do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Pelo presídio passaram presos famosos como Fernandinho Beira-Mar e João Arcanjo, o “Comendador”, que hoje estão no Presídio Federal de Rondônia. Também ocuparam as celas da unidade prisional o traficante colombiano Juan Carlo Abadia e o traficante Marcos Camacho, o “Marcola”. Os últimos a serem transferidos para a unidade, no mês passado, foram os seis integrantes de uma facção criminosa carioca que estavam detidos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro.
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