São Paulo, 10 - Relatório de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aponta que a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) gastou na construção de uma ciclovia provisória na Marginal do Rio Pinheiros, na capital paulista, seis vezes mais do que o preço médio pago pela gestão Fernando Haddad (PT) nas ciclovias da cidade.
Com 7,7 km de extensão, a pista feita pelo Metrô no início de 2014 por causa da interdição de um trecho da ciclovia original da Marginal do Pinheiros, entre a Vila Olímpia e a Ponte João Dias, provocada pelas obras da Linha 17-Ouro do Monotrilho, custou R$ 9,6 milhões.
Pelos cálculos do TCE, o valor médio do metro da ciclovia do Metrô ficou em R$ 1.258, muito acima dos R$ 200 por metro gasto pelas prefeituras de São Paulo e Campinas, segundo levantamento do órgão. De acordo com a gestão Haddad, até 2014, o custo médio das ciclovias era de R$ 250, ou 20% do valor gasto pelo Metrô.
O valor chamou a atenção do TCE porque o próprio Metrô havia informado sobre a simplicidade da obra, consistente em adaptação de estrada de serviço em terra batida e brita existente. A obra foi feita pelo cónsórcio da Andrade Gutierrez e CR Almeida, responsável até o início de 2016 pelas obras da Linha 17, que não tinha know-how para construir a pista.
A ciclovia provisória foi feita pelo Metrô após protestos de ciclistas contra o fechamento de um trecho da ciclovia original e depois de um acordo com o Ministério Público Estadual (MPE). A nova pista fica na margem direita do rio para quem segue no sentido Interlagos.
Essa ciclovia foi feita aproveitando uma estrada que já era usada pela Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), e não tem sistema de drenagem, tubulação subterrânea e nenhuma ligação com outro ponto da cidade. Não serve como opção de mobilidade urbana, diz o diretor-geral da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo, Daniel Guth.
Aventura
As conclusões do TCE constam de um extenso pedido de explicações publicado ontem pelo conselheiro Antônio Roque Citadini com mais de 70 perguntas ao Metrô sobre os atrasos e custos da obra, que saltou de R$ 1,4 bilhão para R$ 3,1 bilhões. A Linha 17 teria 18 km de extensão e ligaria a Linha 1-Azul à Linha 4-Amarela. O governo Geraldo Alckmin (PSDB), contudo, cancelou metade do ramal em dezembro e o único trecho previsto para sair do papel é entre Congonhas e a Marginal do Pinheiros.
Os elementos existentes no processo demonstram que a Companhia do Metropolitano de São Paulo embarcou em uma aventura quando decidiu construir a Linha 17-Ouro, afirma Citadini. Em nota, o Metrô informou que prestará todos os esclarecimentos ao TCE e que as obras foram retomadas após a rescisão do contrato anterior..