O número de patentes registradas por um país funciona como termômetro preciso que ajuda a medir o grau de inovação de uma nação. Países desenvolvidos e de maior bem-estar social lideram o ranking, produzem novidades que são utilizadas para o desenvolvimento interno e também exportadas para o mundo todo, o que gera divisas e ainda mais desenvolvimento. De acordo com ranking publicado pela Organização Mundial de Propriedade Industrial (Wipo – sigla em inglês), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está bem atrás dos países mais inovadores.
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Inventor de BH luta há 18 anos na Justiça para provar que é o criador do BinaBina foi criado para acabar com trotes, diz inventor Seminário discute proteção de patentes no Brasil e nos EUA“Depois de patentear o Bina em 1992, assinei contrato com três empresas, de capital nacional e multinacional. Depois que passei a tecnologia, uma delas me mandou buscar a Justiça.” Desde então, Nélio Nicolai vem tentando garantir os seus direitos.
O caso do mineiro não é isolado. A disputa pelo reconhecimento de patentes é mundial e a polêmica atinge até mesmo invenções muito famosas e transformadoras, como é o caso do avião e do telefone. O fato é que a proteção das patentes está no centro de outra discussão crucial para o desenvolvimento dos países, a inovação. “Dentro de universidades como Unicamp, UFMG e outras instituições do país, existe grande produção inovadora, mas falta essa inovação no empreendedorismo brasileiro, na criação de produtos de alto valor”, observa o professor Milton Mori, diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp. Ele aponta que o país tem um longo caminho a percorrer e está bem atrás na comparação com o mundo.
Para Mori, proteger novas invenções pode ser um trabalho árduo. “As universidades, por terem grande porte, conseguem proteger suas patentes.
Na opinião do professor, o Brasil perde ao não ter uma estrutura que fomente a inovação. “Existe muita burocracia no país, a infraestrutura é ruim e ainda há insegurança jurídica.” No caso das patentes, os processos, em sua opinião, deveriam ser mais rápidos, hoje podem levar mais de sete anos. Na esfera judicial, Mori defende a criação de promotorias especializadas e juizados especiais como ocorre nos Estados Unidos. “Lá, os processos são direcionados para os juízes competentes na área.”
O Brasil já esteve em 2012 entre os 20 países com maior número de pedidos de patentes registradas, mas em 2015 saiu desse grupo, ficando atrás de Índia, Rússia e Turquia. Os Estados Unidos lideram o ranking dos mais inovadores com 57,3 mil pedidos de patentes em 2015, seguidos pelo Japão, com 44,2 mil, e China, 29,8 mil. Bem atrás dos países considerados referências na inovação, o Brasil registrou, em 2015, 547 pedidos de patentes.
CUIDADO CONTRA CÓPIAS
Jaime de Paula é fundador e presidente da empresa Neoway, especializada em tecnologia da informação e inteligência de mercado. Ele já patenteou 26 softwares de inteligência artificial e diz que acredita nesse processo como a melhor forma de proteger uma invenção contra cópias, por exemplo. “Quem copia pode ser obrigado a descontinuar o produto e mesmo sofrer penalidades como multas pelo uso indevido.”
Apesar de o mundo viver uma explosão da criatividade, as inovações brasileiras estão perdendo ritmo, como informa relatório da Wipo. Jaime acredita que um viés da crise econômica atingiu em cheio a inovação. Ele cita pesquisa feita pela Neoway, em parceria com a Endeavor, que mostrou que empresas de alto crescimento (organizações que cresceram a uma taxa de 20% ao ano nos últimos três anos) se reduziram em 37% entre 2014 e 2015. “As empresas estão crescendo menos, investindo menos e registrando menos patentes.”
Nélio Nicolai mostra orgulhoso medalha de ouro recebida como inventor pela Wipo e diz que não vai desistir tão cedo. Ele revela que, se levar a soma, inédita para um inventor brasileiro, pretende investir em escola focada na inovação e ainda promover reforma agrária longitudinal. Sem medo de mostrar sua ideia, Nélio diz que a atividade começaria em Minas:“Entre as cidades de Paracatu (Noroeste de Minas) e Três Marias (Região Central do estado) faria um projeto agrícola margeando as rodovias, focado na produção de alimento. O que eu quero é ajudar o campo a se tornar mais atrativo”, planeja. E emenda: “Em última instância, se os processos que tenho não ser resolverem de forma mais rápida, vou sair do país.” E sem modéstias, ele garante: “Quem vai perder é o Brasil.”
PROTEGENDO A INOVAÇÃO
O que é uma patente
É um título de propriedade temporária sobre uma invenção concedido pelo Estado aos inventores ou autores, pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação.
Como depositar um pedido de patente
O pedido de patente pode ser feito pela internet, por meio de plataforma e-patentes.
Cuidados recomendados ao inventor
Antes de depositar o pedido, o inventor deve fazer uma busca para saber se não há nada igual ou semelhante já patenteado no Brasil e no mundo.
Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).