São Paulo, 08 - Sete anos e R$ 300 milhões depois, o CadOro está de volta. Abre as portas na próxima segunda, com diárias a partir de R$ 450, o hotel e o restaurante inaugurado em 1953 pela família Guzzoni - que, por muito tempo, foi sinônimo de charme no centro paulistano. Eu não disse que voltaríamos?, afirmou na tarde de quarta Aurélio Guzzoni, filho do fundador do hotel.
Voltaram, sim. Em um novíssimo prédio, moderno, contemporâneo e multiuso - os quartos do hotel ficam do 19.º ao 27.º andares; nos pisos abaixo, com acesso por outra entrada, funcionarão escritórios comerciais. Mas a velha alma do CadOro será mantida, promete Guzzoni, que aos 66 anos deve atuar como conselheiro do empreendimento, agora comandado pelo sobrinho Fabrizio Guzzoni, de 37 anos. Nos detalhes: o atendimento personalizado que nos deixou conhecidos e nos valores. O ideal é aliar tradição e inovação.
O CadOro das antigas também poderá ser reconhecido nos rostos de alguns funcionários que voltam ao time. Entre os seis recuperados está o mensageiro Mario Roberto Espolaor, de 68 anos, feliz da vida.
História
Mas o maior patrimônio mesmo do CadOro está em sua peculiar história. Foi o que fez com que mudássemos o plano inicial, de fazer apenas um prédio comercial ali, e investíssemos na reconstrução do hotel, diz o executivo Ricardo Laham, diretor de incorporação da Brookfield Incorporações. Estamos em um lugar que tem raízes, tradição, nome. Em vez de sermos o incorporador que encerrou uma história, vimos a oportunidade de prover o recomeço do CadOro.
Em suas décadas áureas, o hotel - e o restaurante contíguo - era refinado ponto de encontro de autoridades, intelectuais e artistas.
Entre os autógrafos orgulhosamente colecionados pela administração do hotel, há nomes como os do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), do cientista americano Linus Pauling (1901-1994), dos escritores Jorge Amado (1912-2001) e Rachel de Queiroz (1910-2003), do cantor Roberto Carlos, do apresentador de televisão e empresário Silvio Santos e do ex-jogador de futebol Pelé. Em 1991, o tenor Luciano Pavarotti (1935-2007) ocupou um dos luxuosos quartos - que foi totalmente reformado.
Tradição
A história hoteleira dos Guzzonis começou em Bérgamo, na Itália. Em um dos hotéis da família, Fabrizio Guzzoni (1920-2005) conheceu uma brasileira, com quem viria a se casar. Já em São Paulo, inaugurou o CadOro - primeiro como restaurante, em 1953, na Rua Barão de Itapetininga. Três anos depois, na Rua Basílio da Gama, nascia o hotel. Poucos anos mais tarde, com 300 apartamentos, Guzzoni instalava seu negócio no endereço definitivo, na Rua Augusta.
Para se ter uma ideia de como o CadOro prezava a elegância, até 1962 era proibida, em seu restaurante, a entrada de homens sem gravata.