O Brasil registrou 45.460 casos de estupro em 2015, ou cinco ocorrências por hora. Apesar de representar uma retração em relação a 2014, quando foram registradas 4.978 ocorrências a mais, o patamar é considerado preocupante pelos especialistas e pode ser muito maior.
Leia Mais
Gastos do governo federal com segurança caem 9,6% Câmeras de segurança filmam espancamento de mulher no interior de SPNovo secretário de Segurança do Rio diz que pretende entender a lógica de facçõesGoverno federal quer criar plano de segurança emergencial para o Rio de JaneiroBabá mata ex-namorado para evitar estupro e é levada a 'tribunal do crime'Estupros têm alta de 30% em SP e de 5,1% no EstadoPolícia identifica cinco acusados de estupro coletivo em São GonçaloVítima de estupro coletivo no RJ é colocada no programa de proteção à testemunhaIgreja Universal é condenada em R$ 300 mil por estupro de menorVítima de estupro coletivo no Rio confirma participação de 10 homens no crime"O crime de estupro é aquele com a maior taxa de subnotificação, então é difícil avaliar se houve uma redução da incidência", disse a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. "Pesquisas de vitimização indicam que os principais motivos para não reportar o crime às polícias são o medo de sofrer represálias e a crença que a polícia não poderia fazer nada."
Para maioria, 'bandido bom é bandido morto'
Seis em cada dez brasileiros disseram concordar com o teor da frase "bandido bom é bandido morto", segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 2, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Feita pelo Datafolha, ela analisou a percepção popular sobre a violência e entrevistou 3.625 pessoas em 217 cidades do País entre 1.º e 5 de agosto.
A crença na sentença é maior entre os mais velhos. Entre entrevistados de 60 anos ou mais, a concordância foi de 61%, enquanto entre mais jovens, de 16 a 24 anos, a frase é verdadeira para 54%.
Entre regiões do País, o comportamento se manteve relativamente homogêneo, com pequenas variações.
É no Norte e no Sul que o porcentual é maior: 61%; no Sudeste, ele é de 53%; no Centro-oeste, de 59%; e no Nordeste, de 60%. Diante da frase, 34% no País discordaram e 6% não discordaram nem concordaram.
Socorro. Para o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, a aceitação da violência contra "bandidos" representa um "pedido de socorro".
"Os números mostram que a população reconhece que as condições de trabalho da polícia não são boas, há dificuldades, mas aí também há uma informação muito relevante: parcela significativa adere à máxima de bandido bom é bandido morto, quase como um pedido de socorro em relação à violência do País, mas uma parcela ainda maior diz que a polícia se excede no uso da violência", disse.
Para ele, "o Brasil sempre teve a violência como uma linguagem corrente". "Nunca fomos uma sociedade pacífica, nunca valorizamos a vida, sempre foi banalizado.