Jornal Estado de Minas

Operação Sexto Mandamento

Grupo de extermínio no coração da PM de Goiás

O tenente-coronel Ricardo Rocha, comandante de Policiamento da Capital da Polícia Militar de Goiás (PM-GO), está entre os alvos da segunda fase da Operação Sexto Mandamento, para combater grupos de extermínio. A investida aconteceu na manhã desta sexta-feira (11/11) pela Polícia Federal. A suspeita é que tenham sido feitas mais de 100 vítimas desde 2010. Além de Rocha, outros sete policiais militares são alvo de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para depor. Em nota, a assessoria de comunicação da PM-GO informou que “até o momento não possui informações sobre o procedimento legal que deu origem à medida coercitiva executada”.

Ao todo, foram cumpridos 39 mandados judiciais, sendo três mandados de prisão temporária, 19 mandados de busca e apreensão, além de 17 conduções coercitivas contra pessoas investigadas por suspeita de integrar a organização criminosa com base em Goiás. Os mandados foram cumpridos em Goiânia, Alvorada do Norte e Formosa. Para esta etapa, foram destacados 140 policiais federais, 24 deles do Comando de Operações Táticas para o cumprimento das ordens judiciais.  De acordo com a PF, o nome da ação é uma referência ao sexto mandamento da Bíblia: “Não matarás”.

Início A primeira fase da Operação Sexto Mandamento ocorreu em 2011, depois de um ano de investigação. A suspeita é de que o grupo de extermínio tinha entre suas vítimas crianças, adolescentes e mulheres sem qualquer envolvimento com crimes.s Duas mortes e dois desaparecimentos investigados na operação ocorreram em 2010.

Desde 2015, o inquérito instaurado pela Polícia Federal para apurar o caso tramita na Justiça Federal em Formosa (GO).

Segundo as investigações, a organização criminosa tinha como principal atividade a prática habitual de homicídios com a simulação de que os crimes haviam sido praticados em confrontos com as vítimas. Alguns deles, foram praticados durante o horário de serviço e com uso de carros da Polícia Militar, de maneira clandestina e sem qualquer motivação, de acordo com a Polícia Federal.AbsolviçãoDurante a primeira etapa, 19 policiais militares foram presos, incluindo o tenente-coronel Ricardo Rocha. Ele ficou quatro meses preso e depois passou a atuar na área administrativa da corporação. Em junho, ele enfrentou um júri popular por um homicídio e foi absolvido. Com isso, em 26 de fevereiro deste ano, Rocha assumiu o comando de Policiamento da Capital.

Em março, uma ação conjunta da do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) recomendaram que o tenente-coronel fosse destituído do cargo, por responder por crimes e que o cargo deve ser ocupado por “militar que não exponha o Estado de Goiás a eventual novo pedido de federalização ”. Porém, o vice-governador e secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, José Eliton (PSDB), afirmou ter “integral confiança no tenente-coronel Ricardo Rocha para exercer o Comando da Capital.”

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