Menos de 24 horas depois que quatro policiais militares morreram na queda de um helicóptero da PM do Rio, sete moradores da Cidade de Deus, na zona oeste, foram encontrados mortos neste domingo, 20. As famílias dizem que todos eram traficantes, mas foram executados após terem se rendido. Eles teriam recebido tiros à queima-roupa na nuca e facadas, e seus objetos pessoais teriam sido furtados. A polícia ocupou a localidade por tempo indeterminado.
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Após queda de helicóptero da PM do Rio, operação em favela prende uma pessoa'É inaceitável', diz secretário de segurança do Rio sobre morte de policiaisSegurança no Rio não protege moradores nem policiais, diz Anistia InternacionalSecretário do Rio informa que ajuda da Força Nacional ainda não é necessáriaHelicóptero da PM cai e quatro policiais morrem no Rio de JaneiroO tumulto na região começou na noite de quinta-feira, na Gardênia Azul, bairro vizinho dominado por milicianos. Os tiroteios opuseram traficantes e integrantes da milícia. A PM interveio, mas os confrontos continuaram e, a partir de sexta, se transferiram para a favela do Karatê, localidade da Cidade de Deus dominada pela facção Comando Vermelho.
A partir de então, os confrontos opuseram PM e traficantes.
Aeronave
Foi essa aeronave que caiu, às 19h30. Os quatro ocupantes morreram: o major Rogério Melo Costa, de 36 anos, o capitão William de Freitas Schorcht, de 37, o subtenente Camilo Barbosa Carvalho e o sargento Rogério Felix Rainha, ambos de 39 anos.
Inicialmente se cogitou a hipótese de que a aeronave tivesse sido abatida por traficantes, mas exames preliminares afastam - embora não descartem - essa possibilidade, segundo o secretário de Estado de Segurança, Roberto Sá.
A autópsia dos quatro corpos indicou que eles morreram em decorrência do impacto da queda, e não foram atingidos por tiros.
Após a noite de conflitos, no início da manhã de domingo, moradores encontraram os sete corpos à margem de um brejo cheio de esgoto. Embora admitissem que as vítimas atuavam como traficantes e serviam ao Comando Vermelho, os vizinhos se revoltaram com os indícios de que o grupo foi morto depois de ter se rendido e com a demora na remoção. Moradores transferiram os cadáveres para uma praça.
À reportagem ou em conversas entre si, quase todas as pessoas diziam conhecer as vítimas. Algumas diziam torcer para que "o esculacho sirva de lição" aos outros traficantes, mas a maioria defendia as vítimas. "Eles eram traficantes, mas sempre nos respeitaram. Aqueles ali (policiais) são assassinos", repetia uma moradora.
Enterros
Três dos quatro PMs mortos no helicóptero foram velados neste domingo no Batalhão de Choque, no centro do Rio. Os corpos do major Costa, do subtenente Carvalho e do terceiro-sargento Rainha tiveram uma rápida cerimônia no Salão Nobre do batalhão. Depois disso, os PMs se perfilaram no pátio e houve salvas de tiros em homenagem às vítimas. Colegas se emocionaram. Um helicóptero da corporação lançou pétalas de rosas do alto.
Melo foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap; Felix, no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência; e Barbosa, no Cemitério Memorial Parque Nicteroy, em São Gonçalo. O corpo do capitão Willian de Freitas Schorcht, o piloto do helicóptero, seguiu para Resende. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) decretou luto de três dias. .