São Paulo, 26 - Às vésperas do júri de Elize Matsunaga, acusada de assassinar e esquartejar o marido, Marcos Kitano Matsunaga, em maio de 2012, o mistério sobre a possível participação de uma segunda pessoa no crime permanece. Enquanto o Ministério Público de São Paulo (MPE) diz ter certeza técnica de que a ré recebeu ajuda para retalhar o corpo da vítima em sete partes, a defesa afirma que ela agiu sozinha. Segundo a promotoria, novas explicações sobre o ocorrido no apartamento da vítima serão apresentadas aos jurados.
Publicidade
Entre acusação e defesa, há apenas um ponto pacífico: foi Elize quem matou Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro do grupo Yoki. Ela confessou o crime e vai responder por homicídio triplamente qualificado (com motivo torpe, impossibilidade de defesa e meio cruel), além de destruição de cadáver. A pena pode chegar a 33 anos, caso seja condenada pelos dois crimes.
O julgamento vai começar na segunda-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital. Responsável pela acusação, o promotor José Carlos Cosenzo afirma que receberia com indignação a notícia de pena inferior a 24 anos de prisão. A defesa diz que vai tentar absolvê-la. Em júri, tudo pode acontecer, diz a advogada Roselle Soglio, que defende Elize.
Ajuda
.
Elize tinha conhecimentos de Enfermagem e, por isso, seria a responsável por desmembrar as partes inferiores da vítima, segundo o MPE. Um corte acima do umbigo teria sido feito com precisão de bisturi - e não por faca. Era preciso ter alguém segurando o corpo para as vísceras não caírem, afirma o promotor do caso.
De acordo com Cosenzo, não haveria câmeras de segurança instaladas nas saídas de emergência nem sequer no segundo subsolo do condomínio, permitindo que o outro participante pudesse chegar ao apartamento sem ser visto. Segundo afirma, a acusação vai explorar um hiato entre a morte de Marcos, o esquartejamento do corpo e a ocultação do cadáver.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a possível participação de outra pessoa no crime, mas as investigações estão sob segredo de Justiça.
Outro embate que promete marcar o julgamento é se Marcos começou a ser degolado ainda vivo. Segundo o MPE, ele chegou a engolir sangue. A defesa, contudo, afirma que um laudo necroscópico, feito após exumação do corpo, aponta que a vítima já estava morta. As partes devem discutir, ainda, se os crimes foram premeditados.
Retirada de provas
. Após pedido dos advogados de Elize, a Justiça retirou do rol de provas três documentos da acusação.
O Estado de S. Paulo..