São Paulo, 13 - A equipe do prefeito eleito João Doria (PSDB) promete zerar a fila de exames médicos na rede pública em apenas três meses depois de assumir a Prefeitura de São Paulo. A ideia é que o programa Corujão da Saúde, que oferecerá horários alternativos aos pacientes, entre 20 e 8 horas, comece a funcionar já no dia 2 de janeiro, em 50 hospitais - públicos e privados -, ao custo de R$ 20 milhões. Ainda não se detalhou a forma de convênio nem como será a chamada da população.
"O Corujão tem começo e fim. Vai ser por 90 dias, porque nós acreditamos que em 90 dias conseguimos acabar com esse estoque de pacientes. E daí pra frente esperamos que, com uma melhor gestão, a própria estrutura do SUS possa absorver essa necessidade de exame sem criar essas esperas absurdas", afirmou nesta segunda-feira, 12, o futuro secretário da Saúde, Wilson Pollara, após evento de transição no Palácio dos Bandeirantes.
Para cumprir a meta será necessário que a Prefeitura atenda ao menos 4,6 mil pacientes por dia - há hoje uma fila de 417 mil na espera. Anteriormente, a equipe do prefeito falava em um prazo de um ano.
Uma das possibilidades, como já havia sido divulgado, é que a Santa Casa de Misericórdia, na região central, faça parte do programa. Mas o futuro secretário informou que já buscou a parceria de ao menos 50 hospitais. "Fiquei impressionado porque todos estão ligando, querendo colaborar, querendo trabalhar. Nós temos hospitais, principalmente filantrópicos, que têm necessidade de fornecer algum atendimento gratuito. Estamos oferecendo isso dentro da parte de filantropia deles. Isso quer dizer que os exames são gratuitos, o SUS não vai pagar esses exames, porque eles têm uma cota de filantropia ainda para ser gasta com doentes carentes."
Noturno
O futuro secretário disse ainda que a equipe de Doria estuda um adequação jurídica para pagar os hospitais privados para fazer o serviço noturno. "O problema do Corujão não são os hospitais que atendem o SUS, são os privados, que vão passar a atender o SUS mesmo não tendo convênio." O custo do programa, estimado em R$ 20 milhões, deve vir de uma "economia em outras áreas", segundo Pollara, sem detalhar.
Para o advogado e especialista em direito público Adib Saad, a futura gestão não pode contratar serviço com hospitais privados sem a realização de licitação. "Isso não se dá de uma hora para outra, por escolha aleatória de um administrador público, sob o risco de ser questionado na Justiça." Ele também descarta a possibilidade de contratação emergencial. "É só para o caso de alguma epidemia, calamidade pública decretada."
Para professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Gonzalo Vecina, a proposta é uma medida "errada que pode dar certo". "Não acho que seja o certo fazer o exame fora do lugar onde o paciente vai ser atendido. Não é a melhor solução, mas é solução." Outro problema é o tempo para avisar os pacientes. "É preciso ligar para as pessoas e perguntar se ainda vão fazer exame, tendo o mínimo de garantia de que vão aparecer."
Ele destacou que a forma mais urgente de reduzir a demanda é unificar as filas do Estado e da região metropolitana de São Paulo. Outra medida é melhorar o pedido médico. "Muitos exames são pedidos de forma irresponsável, fora dos protocolos", diz. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.