Além da recomendação aos prefeitos, Hage afirmou que exames vêm sendo realizados em Aedes capturados da região e vetores da forma silvestre, o Haemagogus e Sabethes, para verificar se eles estão contaminados. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida ao jornal "O Estado de S. Paulo":
Quais fatores levaram o Brasil a enfrentar a pior epidemia de febre amarela desde os anos 1980?
Em 2008, houve também um surto da doença, que atingiu uma grande extensão territorial. A área geográfica agora é menor. Mas o que chama atenção é a velocidade com que o surto está se propagando. Uma das explicações pode ser o local dos primeiros casos: municípios mineiros, onde a cobertura da vacina é baixa, e Espírito Santo, que não tinha indicação até agora para vacinação.
Mais Estados terão a vacina contra febre amarela na rotina?
Onde tiver casos de mortes de macacos por febre amarela e casos da doença em humanos, a vacinação vai passar a ser rotina, de forma permanente.
O senhor acha que o vírus pode estar mais agressivo?
Acho difícil. O vírus é muito estável. Em outros surtos, não foi detectada alteração do vírus. Em geral, estão envolvidos fatores ambientais. Mas quais são eles e como eles de fato interferem na mecânica de transmissão, isso não é conhecido. Existem dois artigos que fazem uma relação do aumento de casos com clima, com desmatamento. Mas não é possível fazer uma previsão, saber até onde tais fatores podem influenciar.
Como ter garantia de que até agora não houve a transmissão da febre amarela em meio urbano?
Técnicos estão fazendo a captura de vetores em áreas de transmissão da doença. Tanto Aedes aegypti quanto os vetores da forma silvestre da doença estão sendo testados. Isso já ocorreu em 2007 e 2008. Na ocasião, foram examinados milhares de exemplares de vetores e não foi detectado vírus da febre amarela em vetor urbano, somente em vetor silvestre. Neste ano, todas as amostras examinadas têm detectado a febre amarela apenas em vetores silvestres.
Mas houve algum alerta para municípios atingidos?
Sim, para redução dos criadouros de Aedes aegypti. Mas isso é uma medida preventiva.