Eleita com a bandeira do combate à violência contra a mulher, Maria Letícia é médica legista e afirma que sua profissão a colocou em contato próximo com o tema. "Além do meu trabalho, tenho experiência também como mulher. Agora, vereadora, decidi propor que o sistema público tenha o compromisso com a segurança da mulher", afirma.
Quem for flagrado passando uma cantada, emitindo sons, fazendo gestos obscenos, insinuações sexuais ou mesmo apresentando uma conduta intimidadora - que inclui tocar o corpo da vítima sem consentimento ou persegui-la - terá que pagar uma multa de 30% do salário mínimo. Atualmente, no Estado, isso significa R$ 280 reais. O agressor será obrigado, também, a frequentar programas de reeducação. Em caso de reincidência, além do curso a multa será de um salário mínimo: R$ 930.
"Eu não acho que a melhor maneira de tratar a violência seja com punição, mas é necessário também punir o agressor.
Além disso, o texto prevê ações educativas para a população em geral. "Impõe-se que sejam instituídas campanhas de sensibilização do público com desrespeito a tais práticas e os malefícios que causam às vítimas, bem como sobre os riscos sociais, a partir da lei, do assédio verbal ou físico", propõe o texto.
Maria Letícia afirma que se inspirou na lei aprovada em Buenos Aires, no fim de 2016, que prevê multa e serviços comunitários a quem praticar assédio sexual - verbal ou físico - na capital argentina.
Reações
A vereadora recebeu diversas críticas, principalmente de homens. "Eu fui ofendida como pessoa. Não criticaram o projeto em si. Trataram de ofender a Maria Letícia", relata. "Tiveram comentários pavorosos. Mas isso só me fortalece e me dá certeza da necessidade desse projeto".
Dados
Segundo a campanha "Chega de Fiu-Fiu", da ONG Think Olga, 98% das mulheres já sofreram assédio na rua e 83% não acharam legal. Além disso, 90% das mulheres que responderam à pesquisa - foram 8 mil respostas - disseram que já trocaram de roupa em casa pensando onde iam, por medo de sofrer assédio..