Em fevereiro de 2016, a travesti conhecida por Cicarelli, de 36 anos, foi morta de forma cruel em João Pessoa, com mais de 20 facadas, pedradas e ainda teve a orelha decepada em uma disputa de traficantes por um ponto de drogas na capital paraibana. No Dia da Visibilidade Trans, Cicarelli foi uma das pessoas trans lembradas em uma manifestação na Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.
Foram fincadas na areia 144 cruzes pretas, uma para cada transexual ou travesti mortos no ano passado por causa do preconceito, em todo o país, segundo levantamento da Rede Trans Brasil. O número, de acordo com a presidente da organização não governamental, Tathiane Araújo, faz do Brasil um dos campeões de mortes de pessoas trans no mundo. Ela destacou que os assassinatos refletem a vulnerabilidade dessas pessoas.
A exclusão, explica Tathiane, começa em casa, quando pais se recusam reconhecer a identidade de alguém que não se identifica com o sexo designado ao nascer, que é o caso de pessoas trans. “A família fecha a porta, a escola fecha a porta em uma época crucial da vida, que é a adolescência, aí a pessoa tem dificuldade de encontrar trabalho e, por não ter qualificação, isso vira um problema social. Precisamos visibilizar que a exclusão é o nosso principal fator de risco”, afirmou a presidente da Rede Trans Brasil, que também apontou a falta de políticas públicas como causa da inclusão desse grupo.
À margem, as pessoas trans convivem permanentemente com medo de morrer ou de ser vítima de “estupros corretivos”, muitos em banheiros, explica Adriana Rodriguez Souza, coordenadora da Rede Trans, no Rio. “O machismo não aceita o 'não' de um homem trans, de uma lésbica, que acabam estuprados e mortos”. Outra luta das pessoas trans, segundo Adriana, é pelo uso do banheiro compatível com o gênero e o nome social.
O relatório completo da Rede Trans Brasil com número de vítimas de transfobia – preconceito que vitima pessoas trans – com informações sobre circunstâncias das mortes e recomendações ao poder público será divulgado nesta segunda-feira, quando o documento também será entregue à Organização dos Estados Americanos (OEA), no Rio. O levantamento foi feito com base em notícias de jornais e casos apurados pela organização.
Questão cultural
A coordenadora-geral de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Marina Reidel – representente do Ministério da Justiça na manifestação deste domingo – reconheceu que o Brasil ainda não é um país seguro para pessoas trans e disse que o governo tem o Disque 100 para receber denúncias. No entanto, segundo Marina, acabar com a violência contra pessoas trans passa pela educação, questão que tem esbarrado nos legislativos.
“A violência é uma questão cultural. Eu, como professora que sou, reconheço que a educação precisa ser repensada nesse aspecto, mas no ano passado e retrasado, tivemos uma grande dificuldade de dialogar com os legislativos e ficaram de fora dos planos de educação a questão de gênero”. Marina, que é uma mulher trans, também avalia que faltam serviços para a população nos estados e municípios.
Para discutir o cenário e políticas públicas, o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais se reunirá esta semana com órgãos do governo, em Brasília.
Foram fincadas na areia 144 cruzes pretas, uma para cada transexual ou travesti mortos no ano passado por causa do preconceito, em todo o país, segundo levantamento da Rede Trans Brasil. O número, de acordo com a presidente da organização não governamental, Tathiane Araújo, faz do Brasil um dos campeões de mortes de pessoas trans no mundo. Ela destacou que os assassinatos refletem a vulnerabilidade dessas pessoas.
A exclusão, explica Tathiane, começa em casa, quando pais se recusam reconhecer a identidade de alguém que não se identifica com o sexo designado ao nascer, que é o caso de pessoas trans. “A família fecha a porta, a escola fecha a porta em uma época crucial da vida, que é a adolescência, aí a pessoa tem dificuldade de encontrar trabalho e, por não ter qualificação, isso vira um problema social. Precisamos visibilizar que a exclusão é o nosso principal fator de risco”, afirmou a presidente da Rede Trans Brasil, que também apontou a falta de políticas públicas como causa da inclusão desse grupo.
À margem, as pessoas trans convivem permanentemente com medo de morrer ou de ser vítima de “estupros corretivos”, muitos em banheiros, explica Adriana Rodriguez Souza, coordenadora da Rede Trans, no Rio. “O machismo não aceita o 'não' de um homem trans, de uma lésbica, que acabam estuprados e mortos”. Outra luta das pessoas trans, segundo Adriana, é pelo uso do banheiro compatível com o gênero e o nome social.
O relatório completo da Rede Trans Brasil com número de vítimas de transfobia – preconceito que vitima pessoas trans – com informações sobre circunstâncias das mortes e recomendações ao poder público será divulgado nesta segunda-feira, quando o documento também será entregue à Organização dos Estados Americanos (OEA), no Rio. O levantamento foi feito com base em notícias de jornais e casos apurados pela organização.
Questão cultural
A coordenadora-geral de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Marina Reidel – representente do Ministério da Justiça na manifestação deste domingo – reconheceu que o Brasil ainda não é um país seguro para pessoas trans e disse que o governo tem o Disque 100 para receber denúncias. No entanto, segundo Marina, acabar com a violência contra pessoas trans passa pela educação, questão que tem esbarrado nos legislativos.
“A violência é uma questão cultural. Eu, como professora que sou, reconheço que a educação precisa ser repensada nesse aspecto, mas no ano passado e retrasado, tivemos uma grande dificuldade de dialogar com os legislativos e ficaram de fora dos planos de educação a questão de gênero”. Marina, que é uma mulher trans, também avalia que faltam serviços para a população nos estados e municípios.
Para discutir o cenário e políticas públicas, o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais se reunirá esta semana com órgãos do governo, em Brasília.