A situação de violência e medo vivida pelos capixabas, causada pela paralisação da Polícia Militar, afeta também mineiros que estão no Espírito Santo. De férias em Guarapari, a moradora de Belo Horizonte Renata Campos decidiu adiantar o retorno para fugir do clima de incerteza. “Estamos aqui trancados em casa e morrendo de medo. Só saímos hoje para comprar mantimentos”, disse.
Renata, que está com o marido e o filho de 1 ano e meio, conta que até no domingo tudo estava tranquilo, mas na segundas-feira tudo mudou e o medo passou a tomar conta. “No domingo, fomos à praia e estava tudo normal na cidade. Minha cunhada de BH me ligou e contou tudo o que estava acontecendo e hoje já estava tudo fechado. As ruas estão desertas.”
Ela revelou que, permanecendo a situação como está, deve retornar nesta terça-feira para a capital. A previsão inicial era de ficar em Guarapari até sexta-feira. “Vim para descansar e estamos presos em casa, preocupados com o que pode acontecer e como a gente vai voltar”, disse.
Casada com um bombeiro, Renata considera a atitude dos policiais do Espírito Santo “um absurdo”. “Sou esposa de militar, sei de tudo o que eles passam, mas deixar a cidade sem ninguém para dar segurança não pode”, desabafou.
Quem faz coro com ela é a também mineira e administradora de empresas que mora em Vila Velha, Luciana Dias. “A gente espera que seja resolvida essa situação. Os policiais merecem as reivindicações deles sejam atendidas, mas a população não pode ficar desprotegida”, afirma.
Luciana Dias conta que se mudou de Belo Horizonte para a cidade capixaba há um ano em busca de mais tranquilidade e segurança, mas se viu surpreendida com os últimos acontecimentos.
Ontem ela se deparou com cenas fortes no caminho para o trabalho. “Fui trabalhar com muito medo. Cinco minutos após começar a dirigir, me deparei com dois corpos no meio da rua. Não tinha ninguém por perto. A insegurança está grande”, conta.
Ainda de acordo Luciana, vários funcionários do laboratório em que ela trabalha relataram situações de violência e em uma das unidades teve até arrastão. “Voltando para casa do trabalho a cidade estava deserta. Todas as empresas liberaram mais cedo. Os pontos estavam cheios, mas não tinha ônibus circulando nem carros”, disse.