No momento em que a gestão João Doria (PSDB) tem removido pichações e grafites, o painel de 4,5 mil m² terá salvo-conduto - além de ser fora da capital, será em propriedade privada.
Esse novo mural vai superar o recorde mundial anterior - que, a propósito é do próprio Kobra. Em 2016, no centro do Rio, ele pintou a obra Etnias, às vésperas da Olimpíada. O Guinness World Records deu a chancela de maior do mundo ao paredão de 170 metros de comprimento e 15 metros de altura. "Confesso que estou assustado com as dimensões", diz o artista. "A proporção é inacreditável. Vai ser incrível fazer essa obra."
O paredão é de um prédio que será centro de distribuição e sede administrativa da marca de chocolates Cacau Show.
Pelas estimativas de Kobra, o trabalho deve durar dois meses. "Tudo vai poder ser acompanhado por quem passar pela rodovia", comenta. Os preparativos já estão em andamento. "É preciso uma logística especial, andaimes adequados para que consigamos pintar em um espaço tão grande", exemplifica. Nos próximos dias, o artista deve viajar para a Amazônia em busca de inspiração. Isso porque Kobra pretende pintar no paredão cenas do processo de produção do cacau - do plantio à colheita.
Polêmica.
Paulistano do Jardim Martinica, bairro pobre da região do Campo Limpo, na zona sul, Kobra orgulha-se de ter obras espalhadas por dezenas de países. Mas, ao mesmo tempo, também lembra que 90% de seus trabalhos foram feitos em sua São Paulo natal.
Recentemente, e sem querer, ele acabou envolvido na polêmica cruzada de Doria contra pichadores. Isso porque foi anunciado, sem ter sido consultado, como coordenador de um programa de arte de rua. Desmentiu em seguida. Depois porque o prefeito já o citou entre os artistas de sua predileção.
Em janeiro, quando a Prefeitura apagou grafites da Avenida 23 de Maio, um mural de sua autoria foi preservado. No dia seguinte, amanheceu com uma pichação em protesto contra Doria. A Prefeitura o consultou - queria saber se ele gostaria de restaurar a obra.
Kobra começou pichando muros. Aos 15 anos, passou a grafitar e, hoje, considera-se muralista. "Não vejo uma coisa como evolução da outra. São transições", diz. "O assunto virou polêmica porque nós, paulistanos, amamos a arte de rua." As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..