Dados publicados nesta quinta-feira, 23, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 322 milhões de pessoas pelo mundo sofrem de depressão, 18% a mais que há dez anos. O número representa 4,4% da população do planeta.
No dia 7 de abril, para marcar o Dia Mundial da Saúde, a OMS escolheu a depressão como o tema a ser alvo de uma campanha internacional. Para a entidade, governos ainda não dão uma atenção suficiente a esse problema de saúde.
No caso do Brasil, a OMS estima que 5,8% da população nacional é afetada pela depressão, o que coloca o País no quarto com a maior prevalência do problema de saúde. O ranking é liderado pela Ucrânia, com 6,3% da população em depressão. Estônia, Estados Unidos e Austrália estão na segunda posição, com 5,9%.
A taxa média brasileira supera ainda a de Cuba, com 5,5%, a do Paraguai, com 5,2%, além de Chile e Uruguai com 5%.
No caso global, as mulheres são as principais afetadas, com 5,1% delas com depressão. Entre os homens, a taxa é de 3,6%. Em números absolutos, metade dos 322 milhões de vítimas da doença vivem na Ásia.
De acordo com a OMS, a depressão é a doença que mais contribui com a incapacidade no mundo, em cerca de 7,5%.
Além da depressão, a entidade indica que, pelo mundo, 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade, uma média de 3,6%. O número representa uma alta de 15% em comparação a 2005.
O Brasil lidera na América Latina e no mundo, com 9,3% da população com algum tipo de transtorno de ansiedade. A taxa é três vezes superior à média mundial. Os índices brasileiros também superam de uma forma substancial as taxas identificadas nos demais países da região. No Paraguai, a taxa é de 7,6%, contra 6,5% no Chile e 6,4% no Uruguai.
Em números absolutos, o Sudeste Asiático é a região que mais registra casos de transtornos de ansiedade: 60 milhões, 23% do total mundial. No segundo lugar vem as Américas, com 57,2 milhões e 21% do total.
No total, a OMS ainda estima que, a cada ano, as consequências dos transtornos mentais geram uma perda econômica de US$ 1 trilhão para o mundo.
À reportagem, o especialista da OMS para saúde mental, Dan Chisholm, indicou que é difícil indicar um fator isolado que explicaria a alta taxa de transtornos de ansiedade no Brasil e mesmo a depressão. "Ao contrário de outras doenças, existem muitos fatores que atuam de forma conjunta para criar esse cenário", explicou.
Em sua avaliação, os principais fatores de risco que podem pesar no caso brasileiro incluem a situação econômica do país, os níveis de pobreza, desigualdade, desemprego e recessão. Além disso, existem fatores ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades.
"Trata-se de uma combinação da situação socioeconômica e a realidade da vida de uma população", indicou..