São Paulo, 07 - Foi só quando começou a cursar Serviço Social na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) que Geisa Paula Ribeiro, de 25 anos, passou a se ver como negra. "Entre os parentes, eu era sempre chamada de 'macaca branca', porque minha pele era menos retinta do que a dos meus irmãos", conta Geisa, que participa do coletivo NegraSô.
"Minha família é negra, mas reproduz o racismo. Eles não têm a identidade política do que é ser negro, não sabem o que isso significa", avalia. Uma de suas bisavós era branca e seu bisavô, o marido dela, negro. "Ela sempre falava para as filhas, netas e bisnetas – as mulheres da família, enfim – não cometerem o seu 'erro'. Ou seja: que não se casassem com negros", relata Geisa. "E ainda aconselhava que, durante o banho, os bebês tivessem os narizes sempre massageados. Acreditava que isso 'afinaria' os narizes."
Geisa teve uma adolescência de cabelos alisados artificialmente e fotos branqueadas. "Eu aumentava a exposição da câmera para ficar mais clara nas imagens", admite. "E evitava aparecer 'de frente', para não aparecer a largura do meu nariz." Depois que passou a se identificar como negra e assumiu a homossexualidade, o relacionamento com a família piorou. "São muito conservadores. Meu pai não fala mais comigo", diz. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.