Só em 2016 foram 584 registros em São Paulo, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). O número é 12,7% maior do que no ano anterior, quando houve 518 notificações, e inclui de ocorrências sem vítimas, como quedas de telhado, a casos mais graves.
Um ano depois da tragédia, Clara vive em uma casa bem na frente da antiga, em Francisco Morato, atrás do córrego que transbordou na enchente. Muita coisa mudou nesse tempo. Adaptada à prótese, a menina não para quieta. Brinca, corre, escala.
Na casa nova, a cozinheira Antônia Costa Gonzaga, de 48 anos, mãe de criação, teme uma nova enchente. Clara, não. "A casa não cai", repete para tranquilizar a família, quando se anuncia um temporal. Hoje, a menina só evita usar short para ir à escola, para não ouvir perguntas sobre sua perna de metal.
'Fim do mundo'.
Naquela manhã de 10 de março, Antônia acordou assustada com a chuva em Francisco Morato. Havia sonhado com temporal e desabamento. A água caiu o dia todo e à noite infiltrações inundavam a sala, a cozinha, os quartos.
"Acorda! É o fim do mundo!", disse aos filhos. Saiu a tempo de ver a casa desmoronar. "Cadê a Clarinha?", gritou. Ela estava sob escombros. Antônia viu a filha Janaina Costa, de 29 anos, ser resgatada. "A Clara não saiu, está morta embaixo do barranco", repetia a cozinheira.
Naquela noite, o médico socorrista Raphael Caggiano, de 33 anos, do Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergência (Grau), estava na base dos Bombeiros na Casa Verde e foi para Mairiporã e Francisco Morato. Ele se lembra do resgate. "A Ana Clara ficou consciente todo o momento, conversando com a gente, falando dos animais de estimação. Ficar com uma criança todo esse tempo cria um vínculo."
A madrugada era fria e havia risco que a menina podia entrar em hipotermia. "Ou corríamos o risco de perdê-la ou tirávamos a perninha dela. Nós optamos por salvá-la. Foi a decisão mais difícil da minha vida até hoje." As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..