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Estado de Minas

Professor que humilhou aluno ao deixá-lo descalço é condenado

Jordenes Ferreira da Silva deverá pagar R$ 900 a uma instituição de caridade


postado em 10/03/2017 09:14 / atualizado em 10/03/2017 10:23

À época, conselheiros tutelares encontraram o menino ainda descalço, na sala de aula e chorando(foto: Divulgação)
À época, conselheiros tutelares encontraram o menino ainda descalço, na sala de aula e chorando (foto: Divulgação)
A Justiça do DF condenou Jordenes Ferreira da Silva por humilhar um aluno do 7º ano. À época, ele ocupava o cargo de vice-diretor do Centro de Ensino Fundamental de Arapoanga. No episódio, que aconteceu em dezembro de 2016, o profissional acusado pegou as sandálias de um estudante de 12 anos e o obrigou a voltar para a sala descalço. Por lei, o professor deveria cumprir de seis a dois anos de prisão. No entanto, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) ofereceu outra punição. Jordenes deverá pagar R$ 900 a uma instituição de caridade.

Em audiência realizada na quarta-feira, no Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), o professor foi indiciado pelo crime previsto no Artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em que a pena é de seis a dois anos de detenção para quem submeter criança ou adolescente, sob sua autoridade, a vexame ou constrangimento. Entretanto, os promotores ofereceram a possibilidade dele pegar R$ 900 para uma instituição beneficente, que será escolhida pelo MPDFT. Caso ele não cumpra a medida, o juiz extinguirá o feito, e Jordenes não poderá receber o mesmo benefício nos próximos cinco anos se vier a se envolver em novo delito.

Apesar do processo criminal, Jordenes ainda ocupa cargo na mesma instituição, mas, desta vez, como diretor. De acordo com a Secretaria de Educação, em novembro de 2016, ele participou da eleição e venceu a disputa. A pasta informou, ainda, que ele responde a um processo administrativa disciplinar. Se ficar provado que o professor cometeu excessos, será aplicada uma punição, que varia de suspensão de até 90 dias à perda do cargo.

Versão do acusado


O caso ganhou repercussão após o vídeo que mostra o garoto escondendo o rosto em sala de aula cair nas redes sociais. O perfil do educador no Facebook foi bombardeado de críticas. Em sua defesa, o profissional detalhou à polícia que o aluno foi abordado em virtude da indisciplina e não pela ausência ou tipo de calçado que usava.

Ele relatou, ainda, que os alunos saíram para almoçar e que, na volta para a sala de aula, ele viu o estudante em questão chutando uma bola de papel e fita crepe "promovendo uma algazarra e instigando os demais". Jordenes disse ter percebido que o garoto estava descalço assim que o advertiu. Como, na versão do vice-diretor, o menino não parou de fazer bagunça, ele decidiu recolher os chinelos do estudante e recomendou que ele fosse à sua sala para que conversassem e ele devolvesse o calçado. Na ocorrência, o professor teria detalhado que "o aluno não quis ir à direção pegar as sandálias e que voltou para a sala de aula descalço".

A mãe do adolescente disse, à época, que a criança sentia vergonha de ir à escola após o episódio. Ela lamentou o caso e disse esperar que, após o desrespeito, situações semelhantes venham à tona. "Eu estava em casa quando o conselho tutelar chegou com o meu filho, relatou o acontecido e me levou para a delegacia. Lá, ele (o menino) contou que o vice-diretor tomou as sandálias dele e o fez caminhar, descalço, pelo corredor", relatou a dona de casa.

Ainda segundo a mulher, o menino pediu os chinelos de volta, mas Jordenes não o teria levado a sério. "Ele vai com essa sandália de vez em quando. Ninguém nunca disse que era proibido. Fiquei com raiva do que aconteceu. A escola tem meu telefone, mas foi preciso um conselheiro vir aqui em casa para eu tomar conhecimento do ocorrido. Eu nunca tive reclamação do meu filho. Ele nunca repetiu de ano e tem boas notas", desabafou.


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