Prisco ainda receberia durante aquele movimento, que durou 12 dias e foi marcado pela resistência violenta dos policiais em seguir com o motim, o apoio do cabo Jeoás Nascimento dos Santos, da PM potiguar - que foi vereador em Natal - e do capitão Wagner - ex-vereador em Fortaleza e deputado estadual no Ceará. A articulação entre os líderes foi identificada pelo Ministério Público Federal em grampos que compõem o conjunto de provas no processo em que acusa sete por crimes contra a segurança nacional.
O processo tramita desde 2013, ainda sem sentença. Essa, porém, é uma das poucas tentativas judiciais de responsabilizar policiais por envolvimento em greve, mobilização que é vetada aos militares na Constituição. Na contramão, o Congresso aprovou e o presidente Michel Temer promulgou em junho do ano passado uma lei que estende a anistia a policiais e bombeiros envolvidos em recentes atos reivindicatórios. Os ex-presidentes Lula e Dilma promulgaram leis similares.
Reação.
Para o sociólogo e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Arthur Trindade, a impunidade serve como incentivo. As polícias têm essa capacidade de chantagem absurda que inviabiliza todo e qualquer plano de segurança. Vive-se sob essa ameaça de greve, disse.
Apesar de não concordar com o motim, o coronel da reserva e ex-comandante da PM de São Paulo Carlos Alberto Camargo vê falta de lucidez no debate. O problema não nasceu com a primeira mulher que ficou na porta do quartel, disse. Se a gente quer uma polícia que, mais do que manter a ordem, respeite os direitos humanos, uma polícia de proteção da dignidade e capaz de despertar nos seus integrantes vocação de serem promotores da dignidade humana, é preciso que esses policiais sejam tratados como cidadãos respeitados. O cabo Daciolo e o capitão Wagner não retornaram contatos. O cabo Jeoás não foi localizado.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..