Operação investiga fraude em folha de ponto de médicos do Hospital de Base

Ação do MPDFT e da Polícia Civil investiga grupo suspeito de fraudar horas extras para incrementar os ganhos. Há médicos, servidores um professor entre os conduzidos

Deborah Fortuna - Especial para o EM Carolina Gama

- Foto: Breno Forters/CB/D.A Press


Policiais civis e integrantes do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) fazem busca e apreensão nesta quarta-feira, no Hospital de Base e na Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), na Asa Norte. Servidores e médicos estão sendo conduzidos de forma coercitiva para prestar esclarecimentos sobre fraudes na folha de ponto. A operação é batizada Hígia, uma deusa grega da saúde, limpeza e sanidade.

O ex-diretor do Hospital de Base, Julival Ribeiro, é um dos ouvidos hoje pela polícia. Segundo ele, foi chamado para depor por causa de problemas na escala de profissionais da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos. Ele diz que respondia por mais de 4 mil funcionários e cada unidade tinha uma chefia. "Mas quem responde legalmente pela escala é o diretor. Se soubesse, à epoca, de alguma coisa errada, eu tinha tomado providências, como sempre fiz", declarou.
 


A operação é uma força-tarefa da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários da Saúde (Pró-Vida), da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) e a Polícia Civil. Segundo informações preliminares, foram expedidos cerca de 10 mandados de condução coercitiva contra médicos e servidores da área, especialmente no Hospital de Base do DF. Entre os conduzidos, estariam médicos da UTI e até um professor. O grupo é suspeito de fraudar as horas extras.

Os policiais apreenderam nove computadores e aproximadamente 15 caixas de documentos. Duas mulheres saíram do Hospital de Base escoltadas por policiais. A investigação é feita pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por meio da Promotoria de Defesa da Saúde, com o apoio da Polícia Civil.

 

Segundo o corregedor da Secretaria de Saúde, Fábio Henrique dos Santos, todos os profissionais investigados devem passar por um processo administrativo, mas ainda não há previsão de afastamento dos servidores. Como a frequência de ponto é feita por biometria ou com o registro do crachá do servidor, as falhas ocorrem por meio do comprometimento da leitura ou mesmo com o desligamento temporário da máquina.

Além disso, o corregedor afirma que ainda não é possível avaliar quantos profissionais estão envolvidos no esquema, já que as investigações estão em andamento. "O que podemos dizer é que, agora, as investigações vão passar para outros servidores em outros hospitais, e não apenas no Hospital de Base", afirmou. "A partir do momento da notícia da investigação, temos que fazer uma apuração completa. Nos casos em que tivermos elementos suficientes para abertura do processo administrativo, então será aberto. Mas, em alguns casos, precisamos ainda reunir informações", completou.

 

 

O afastamento dos servidores só será solicitado, segundo Fábio Henrique dos Santos, quando a secretaria for notificada oficialmente. Ele explicou que até lá podem haver mudanças na lista de investigados.

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