Na década de 1980, esses animais eram presença rara nas áreas de Mata Atlântica da região. Havia apenas 200 na floresta. Graças ao programa conduzido na Reserva, hoje eles são 3.200, em oito municípios.
"Não há o que fazer, só esperar. Os micos são tão vítimas quanto os humanos. Infelizmente, não há vacina contra febre amarela para primatas", diz o geógrafo Luís Paulo Ferraz, secretário-executivo da Associação Mico-Leão-Dourado (AMDL), organização não-governamental que faz o acompanhamento dos micos na natureza.
O programa de reintrodução contou com o apoio de zoológicos internacionais, que doaram os animais para serem readaptados ao meio ambiente. Técnicos treinaram os micos para agir novamente como animais silvestres. Em cativeiro, os micos desaprendem a subir em árvores e a encontrar frutas para se alimentar, por exemplo.
Um programa de conscientização dos proprietários rurais da região levou à transformação de 22 fazendas em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).
Nos últimos dias, porém, equipes da AMDL passaram a vasculhar a mata com mais atenção, em busca de primatas que possam ter sido vítimas da febre amarela. "Se ocorrer o pior e tivermos uma catástrofe, temos 250 micos em cativeiro. O jeito será recomeçar o trabalho todo de novo", declarou Ferraz.
Silêncio. Na última quinta-feira, um dia depois de exames confirmarem que Watila havia morrido pela doença, a equipe do biólogo Waldemir Vargas, da Fundação Oswaldo Cruz entrou na floresta de Córrego da Luz, bairro rural onde o pedreiro vivia. "A mata era só silêncio", relatou Vargas. A falta de som é mau sinal, explicou. Significa que os bugios podem ter deixado a região ao perceber que outros animais adoeceram.
O biólogo afirma que o bugio é o primata mais sensível à doença. "Ele tem o metabolismo mais lento e movimentos vagarosos. Acaba sendo presa mais fácil para o mosquito. O mico também adoece, mas o bugio é a primeira vítima", afirmou.
"O primata é um sentinela importante. Se ele adoeceu, indica que há febre amarela na região", afirmou o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio, Alexandre Chieppe.
O Estado de S. Paulo..