As últimas peças comprobatórias da autoria da morte da fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo, de 28 anos, confirmaram nessa quinta-feira o envolvimento do comerciante, e vizinho da vítima, Edvan Luiz da Silva, 32, no crime. Mirella foi encontrada morta na manhã de quarta-feira, sem roupa, no flat em que morava, na Zona Sul de Recife. As amostras de pele coletadas debaixo das unhas da vítima coincidiram com o DNA do suspeito. Além disso, também foi encontrado sangue da vítima no apartamento dele e em duas camisetas. De acordo com o chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle do Amaral, há indícios que apontam para abuso sexual, que seria a motivação do crime.
"A roupa de baixo foi arrancada. Uma parte das vestes estava sobre uma cômoda e parecia ter sido tirada a força. Vimos que havia um caminho de sangue por gotejamento partindo do corpo da vítima até a porta. Havia sangue também no trinco da porta da vitima, bem como seguindo para o apartamento do vizinho", explicou Amaral.
No início da tarde de ontem, a Polícia Civil anunciou que o exame de confronto entre pegadas encontradas no apartamento da vítima e a análise da planta de pé (podoscopia) do comerciante já havia confirmado a presença dele no apartamento. A arma utilizada no crime, no entanto, permanece desaparecida. De acordo com os investigadores, o suspeito teria arremessado o objeto pela janela após matar a vizinha pois fez o mesmo com uma camiseta. Acredita-se que a faca tenha caído no telhado de alguma casa próxima.
O corpo da jovem foi sepultado na manhã de quinta-feira, no Cemitério de Santo Amaro. Durante o velório, a mãe da fisioterapeuta, Suely Araújo, pediu por justiça. "Mirella lutava como uma guerreira e eu vou continuar lutando por ela. Só Deus que pode me ajudar e dar força", clamou. Na tarde de terça-feira, Mirella postou em seu perfil no Facebook hashtags contra o machismo repercutindo a acusação de assédio contra o ator José Mayer. Um evento criado em uma rede social convoca a população para um protesto no próximo no domingo. Veja o texto publicado na íntegra por familiares:
Sabemos que o triste ocorrido com Mirella não é um caso isolado, pois todos os dias mulheres são vítimas de feminicídio. Mulheres da periferia, mulheres negras, mulheres mães, mulheres lésbicas, mulheres trans, mulheres...
Mirella conquistou sua formação de fisioterapeuta, trabalhava numa empresa multinacional da área médica e como toda jovem buscava a experiência de mais autonomia morando sozinha. Mirella lutou na vida e pela sua vida, literalmente, até o fim. O que existiu aqui é um FEMINICÍDIO!
Ontem o Edvan Luiz recebeu prisão preventiva e com o objetivo lutarmos pela vida de todas as mulheres e de pressionarmos o poder jurídico para o julgamento deste criminoso acontecer o mais breve possível convocamos todos para o ato com familiares e amigos que ocorrerá neste domingo.
#SOMOSTODOSMIRELLA
O caso
A fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo foi encontrada morta, na manhã da quarta-feira, sem roupa, no flat em que morava, no 12º andar do edifício Golden Shopping Home Service, na Rua Ribeiro de Brito, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Vizinhos disseram que, por volta das 7h, ouviram gritos e acionaram o funcionário do prédio, que chamou a polícia. O corpo da vítima foi encontrado na sala do imóvel sem roupas e com ferimento à faca no pescoço, além de cortes nas mãos. O apartamento estava todo revirado, mas não havia sinais de arrombamento na porta. Mirella, que é de Vitória de Santo Antão, formou-se em fisioterapia pela Unicap e trabalhava como vendedora de produtos hospitalares.