Um caso de homofobia ocorrido em Curitiba, no Paraná, está causando revolta nas redes sociais. Panfletos com dizeres contra o casal, formado pelo jornalista João Pedro Schonarth e o servidor Publico Bruno Banzato, foram distribuídos nas proximidades da casa para onde eles pretendem se mudar, “alertando” os vizinhos sobre a orientação sexual dos dois.
No texto, o responsável – ou responsáveis – afirma que em breve a rua estará “mais alegre”. “Todos os dias nos passeios matinais ou dos finais de tardes terá a visão para inspirar e influenciar tida a vizinhança. Você, seus filhos, seus netos e amigos”. O material ainda classifica como “endereço da baixaria” o local onde os dois vão morar.
Além de anunciar a chegada do casal à rua, são feitas insinuações maldosas no panfleto sobre possível comportamento dos dois: “Se fazem isso em público, imaginem o que fazem quando estão a sós ou com amigos mais próximos ou com pessoas próximas a você”.
No Facebook, o jornalista desabafou e disse que jamais pensou que passaria por situação parecida. “Esses panfletos foram distribuídos na rua para qual estou terminando a obra da minha casa, como o endereço da minha casa. Para quem acha que não tem homofobia, muito prazer”, comentou.
Em vídeo, o casal também se manifestou sobre o ocorrido agradecendo as mensagens de carinho e apoio que recebeu, mas ressalvando que a homofobia é algo que precisa ser combatida. “O que eu aprendi de lição ontem foi que o pior dia da sua vida pode se transformar no melhor dia, desde que as pessoas mostrem que elas se importam umas com as outras. A gente precisa mostrar que nós temos mais em comum do que diferente e que nós estamos no mesmo mundo para tentar transformar ele num lugar melhor para se viver”, afirmou. Bruno também destacou que todo o carinho “fez a diferença” para superar o episódio.
Apoio
João e Bruno acabaram recebendo o apoio dos amigos e pessoas de diversas partes do país que demonstraram indignação com a atitude do futuro vizinho anônimo. Um evento em solidariedade ao casal foi agendado para este sábado na rua onde ocorreu a atitude homofóbica. Até o momento da publicação dessa reportagem, mais de 760 pessoas já haviam confirmado presença.O casal também registou boletim de ocorrência sobre o ocorrido. O caso foi registrado na Delegacia de Vulneráveis que esta apurando a autoria dos panfletos.
Homofobia mata
O Brasil é o país que mais mata população LGBT no mundo. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), mais antiga associação de defesa dos homossexuais e transexuais do Brasil, 2016 foi o ano com o maior número de assassinatos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) desde o início da pesquisa, há 37 anos. Foram 347 mortes.Minas Gerais ocupa o quinto lugar nesse ranking, com 21 mortes. São Paulo lidera a lista, registrando 49 assassinatos. Mas o próprio GGB ressalta que os números são subnotificados, já que faltam estatísticas oficiais.