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Estado de Minas

Escolas de samba do Rio prometem não desfilar se prefeitura mantiver corte de verba

Escolas de samba ameaçam não entrar no sambódromo em 2018 e aguardam o retorno do prefeito Marcelo Crivella de viagem para discutir o corte de 50% das verbas anunciado na segunda-feira


postado em 16/06/2017 06:00 / atualizado em 16/06/2017 11:26

(foto: / AFP / Yasuyoshi CHIBA )
(foto: / AFP / Yasuyoshi CHIBA )


Diante do anúncio de que, em 2018, a Prefeitura do Rio cortará pela metade a subvenção de R$ 24 milhões oferecida às escolas de samba do carnaval carioca, dirigentes das agremiações decidiram em reunião encerrada na noite de quarta-feira que, dessa forma, não será possível realizar o tradicional desfile anual.

A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) promoveu a reunião para debater o tema e anunciou que, a prevalecer a decisão do prefeito Marcelo Crivella (PRB), “as apresentações das escolas de samba no carnaval de 2018 ficarão inviabilizadas”. Pelo menos cinco das 13 agremiações da elite do carnaval – União da Ilha, Mocidade, São Clemente, Mangueira e Unidos da Tijuca – ameaçaram ficar longe da Marquês de Sapucaí em 2018.


Em nota divulgada após a reunião, os dirigentes da Liesa cobram uma reunião dos presidentes das 13 escolas do Grupo Especial com o prefeito. A reunião será marcada somente após Crivella retornar de uma viagem. “É muito angustiante. Vamos aguardar uma audiência com a prefeitura para tentar encontrar outra saída. Mas se o prefeito não voltar atrás, a apresentação fica inviabilizada”, afirmou o presidente da liga, Jorge Castanheira.

“O carnaval traz muita receita para a cidade, é um investimento para a prefeitura. Entendemos as dificuldades que o prefeito tem para administrar, mas ele também tem que compreender que o carnaval é o maior ativo cultural do Rio.”


A notícia fez com que vários sambistas começassem a compartilhar um cartaz chamando a população para protesto nas ruas. Na imagem, divulgada no fim da noite desta quarta-feira, há frases com versos da música Não deixe o samba morrer em um fundo preto, simbolizando uma espécie de luto. Alguns profissionais do carnaval ainda convocam para uma “batucada” na porta da sede do governo municipal, mas ainda sem data.


Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que tradicionalmente condena os festejos do carnaval entre seus fiéis. Apesar disso, os dirigentes das principais agremiações da Liesa apoiaram a candidatura de Crivella no segundo turno das eleições do ano passado, quando o atual prefeito venceu o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).

A Liesa destacou na nota que Crivella, enquanto candidato, visitou a sede da entidade e firmou um compromisso de manter o subsídio aos desfiles, com perspectiva de aumentar os recursos.


Ainda na nota, a liga das escolas argumenta que o desfile das escolas de samba, como principal evento do carnaval carioca, gera empregos e renda, traz benefícios econômicos para a cidade e valoriza a imagem do Rio. Com isso, contribui para a elevação da arrecadação de impostos da prefeitura.

Este ano, a cidade recebeu 1,1 milhão de visitantes e teve uma movimentação financeira da ordem de R$ 3 bilhões proveniente do turismo ligado à festa, segundo a Riotur. “Tal medida anunciada trará graves consequências para a produção do espetáculo, tornando inviável a realização do mesmo, nos moldes em que é anualmente apresentado”, diz a nota.

Crise


Desde 2016, as escolas do Grupo Especial (as primeiras do ranking) recebem R$ 2 milhões cada uma da prefeitura. Crivella quer cortar o apoio para R$ 1 milhão, valor que a prefeitura aportava até 2015 – a cifra dobrou após as escolas perderem apoios do governo do estado e da Petrobras, que já viviam crise naquela época.


O valor que as escolas deixarão de ganhar corresponde a 17% do orçamento básico delas – este ano, elas receberam R$ 6 milhões, oriundos do apoio municipal, venda de ingressos, da cota de televisão e de CDs. As escolas também têm outras fontes de renda, como eventos nas quadras que acontecem ao longo do ano.

Creches


Na segunda-feira, a Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou a decisão do corte e informou que os recursos destinados às escolas de samba seriam transferidos para aumentar o repasse de manutenção de creches conveniadas com o município. Os 50% que serão cortados do valor destinado às escolas de samba serão usado para melhorar a alimentação e o material escolar das crianças.


Os recursos, diz a prefeitura, serão aplicados no custo diário per capita das crianças que estão nas creches. A intenção é dobrar a diária que as instituições recebem por criança, que atualmente é de R$ 10. Hoje, cerca de 15 mil alunos são atendidos em 158 unidades. A nova diária de R$ 20 deve começar a ser paga a partir de agosto.


Quando a decisão foi divulgada, a prefeitura garantiu que o remanejamento não significa que as escolas de samba ficariam sem recursos. A ideia oficial é fazer investimentos diretamente nas agremiações por meio do Conselho de Turismo com a utilização de um fundo setorial ou por cadernos de encargos.


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