Acusado de matar DJ em Brasília se entrega à polícia

Pai de Lucas Albo negociou a apresentação do filho com a Polícia Civil. O rapaz atirou duas vezes contra Yago na saída de uma festa

Gabriela Bertoni Fernando Jordão - especial para o Correio Braziliense

Lucas entrou pela garagem do prédio e, tentando se esconder da imprensa, usava uma blusa preta com capuz - Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press


Lucas Albo de Oliveira, 23 anos, o jovem acusado de matar o DJ Yago Sik, 23 anos, com dois tiros na saída de uma festa no Conic, se entregou à polícia por volta das 14h desta quarta-feira (5/7). Ele entrou pela garagem do prédio e, tentando se esconder da imprensa, usava uma blusa preta com capuz. O pai dele, Pedro José de Oliveira Neto, esteve na delegacia nesta manhã, ao ser abordado, por acaso, em uma blitz de trânsito da Polícia Militar, na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto. Sem documentos, o homem começou a chorar e contou ao policial que o filho Lucas era o jovem que assassinou Yago no Conic, por volta das 6h de domingo (2/7).

Durante a abordagem, Pedro estava transtornado. "Ele chorou diversas vezes. Disse que estava negociando com a Polícia Civil a entrega do filho na presença de um advogado. Nós o levamos para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) onde foi constatado que ele dizia a verdade", relatou o tenente Isaildo Cury Belino, coordenador de policiamento.

Apesar de estar muito abalado, em nenhum momento o pai de Lucas alterou a voz com os policiais militares.
"Ele falava baixo e demonstrava muito sofrimento com a situação toda", disse o tenente Belino. Assim que a história foi confirmada na delegacia, a PM deixou Pedro aos cuidados da Polícia Civil. 
Protesto contra a morte de Yago Sik foi carregado de emoção e dor - Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press
Ao saber que o pai de Lucas estava na delegacia, os amigos de Yago Sik se mobilizaram para ir até o local. A intenção deles é cobrar a prisão do responsável por tirar a vida do DJ. A empresária Clara* foi a primeira a chegar e conta que um grupo foi criado para a troca de informações. "Não queremos que passe impune. Conheci o Yago há um mês, no dia do meu aniversário, e ele era uma pessoa tão linda, a dor é grande. É uma tragédia. No domingo, vi a notícia e tive que ler duas vezes para ter certeza. Estamos aqui para ter certeza que não passará impune", disse.

Também em busca de justiça, uma amiga de Ana*, ex-namorada de Lucas, estava na festa. "Depois da briga, cheguei a falar com o Yago ele falou: 'Tá vendo como eu cuido de vocês? Eu amo vocês'. Depois, pedi pra Ana para irmos embora. Só soube no dia seguinte."

O protesto foi carregado de emoção e dor. Karine Camargo, tia e madrinha de Yago, era uma das presentes.
Segurando uma foto do sobrinho, ela desabafou. "Não sabia que ele ia se entregar hoje. A gente quer justiça. Um crime bárbaro, por motivo torpe. Não foi legítima defesa. Ele teve duas horas para pensar. Foi para casa, pegou uma arma, voltou e matou meu sobrinho. Meu sobrinho só estava tentando defender uma amiga que ele havia agredido. Ele nunca aceitaria uma coisa dessas", disse Karine, sem esconder a revolta.

O corpo de Yago foi enterrado na terça-feira, no Maranhão, terra natal da vítima. A madrinha do rapaz foi de Brasília para a cidade maranhense para se despedir do jovem, que, segundo ela, era extremamente amigável.
"Ele era uma pessoa muito generosa. Tinha muita gente no enterro. Ele era muito querido", detalhou a mulher.

A missa de sétimo dia de Yago deve acontecer no final desta semana, na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago Sul.

 

* Nome fictício a pedido dos entrevistados

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