Jornal Estado de Minas

Libertada por habeas corpus, chimpanzé argentina ganha novo companheiro no Brasil

Os dois chimpanzés se beijaram e trocaram carícias - Foto: Projeto GAP

Quatro meses depois de conseguir se livrar de um cativeiro na Argentina graças a um habeas corpus e vir para o Brasil, Cecília finalmente tem um novo companheiro. A chimpanzé argentina, de nove anos, iniciou essa semana uma vida comum com Marcelino, um primata sorocabano, no Santuário de Grandes Primatas, em Sorocaba (SP).

Cecília chegou ao interior de São Paulo em abril deste ano, graças a um habeas corpus concedido pela juíza Maria Alejandra Maurício, do 3º juízo de garantias de Mendonza, que a reconheceu como “sujeito de direito”.

Enfim, companhia


A decisão permitiu que a chimpanzé, que vivia confinada e sozinha no zoológico da cidade fosse transferida para o santuário brasileiro. O mantenedor do Santuário, Pedro Ynterian disse que a solidão para um chimpanzé é a “principal tortura” e que Cecília procurava companhia.

Até então, ela só se interessava por humanos, mas Marcelino, de 10 anos, mudou a situação. O médico do santuário conta que, já adolescente, o primata alcançou a maturidade sexual e vinha tendo problemas de relacionamento com o pai. Ele também precisava de companhia, quando os criadores perceberam que poderiam juntar os dois.


“Quando começamos a aproximação, percebemos o interesse de Cecilia no jovem candidato. Ela passava um tempo junto a janela até ele aparecer. Marcelino não tinha essa paciência. Na sexta-feira passada (25 decidimos abrir a porta do recinto que os separava e aconteceu o encontro”, conta Pedro Ynterian. O primeiro encontro não foi tão bom, mas, os dois foram separados por uma hora e depois não se desgrudaram.

Vida plena, mas com privacidade


Segundo o médico, Cecília assumiu o papel de mãe de Marcelino. “Se abraçaram, se beijaram e não se separaram mais nas horas seguintes.
Cecilia está fascinada com Marcelino, o cobre de mimos constantemente. E ele em nenhum momento a rechaça”, conta o mantenedor do Santuário. Os criadores abriram o acesso a mais dois recintos, mas eles preferem ficar nos túneis e na passarela, onde têm a intimidade mais resguardada.

No texto, o secretário-geral do projeto GAP agradece à juíza argentina, aos dirigentes do EcoParque e do Meio Ambiente de Mendonza e à organização AFADA, que pediu o habeas corpus para Cecília. “Agora podem ficar tranquilos, já que contribuíram poderosamente para tornar Cecilia feliz, mostrando ao mundo que os Grandes Símios também têm direito a uma vida plena.” .