Milhares de pessoas de todos os credos denunciaram neste domingo no Rio de Janeiro um clima crescente de intolerância religiosa no Brasil, que se manifestou nos últimos tempos em agressões contra adeptos de cultos de origem africana.
"Somos iguais perante a lei e perante os olhos do Criador", podia-se ler em um cartaz colado em um dos caminhões de som que animaram ao longo da praia de Copacabana a 10ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa.
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Dois vídeos nos quais é possível ver os agressores obrigando religiosos a destruir imagens de seus terreiros tiveram grande repercussão nas redes sociais. Esses casos aumentaram a preocupação sobre as tensões sociais e religiosas em uma cidade governada desde janeiro pelo prefeito Marcelo Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.
O cardeal Orani João Tempesta, arcebispo católico do Rio, convidou as pessoas participar da marcha, assim como representantes judeus, muçulmanos, budistas, espíritas e de outras religiões. Os autores das agressões "são minoritários" entre os protestantes e costumam agir "influenciados por alguma liderança local", afirma Edson Garcés, fiel de 30 anos da Igreja Batista e morador da Baixada Fluminense.
Segundo o serviço de denúncia por telefone de abusos contra os direitos humanos, em 2016 foram assinalados 79 casos de intolerância religiosa no Rio, um aumento de 119% em relação a 2015. Entre julho e a semana passada, houve 32 denúncias, segundo um relatório do semanário IstoÉ..