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Estado de Minas

Marcha interreligiosa no Rio denuncia aumento da intolerância no Brasil

Fiéis de Candomblé e Umbanda têm sido vítimas de agressões cometidas por traficantes das comunidades convertidos a alguma das igrejas neopentecostais


postado em 17/09/2017 16:25 / atualizado em 17/09/2017 17:21

Milhares de pessoas de todos os credos denunciaram neste domingo no Rio de Janeiro um clima crescente de intolerância religiosa no Brasil, que se manifestou nos últimos tempos em agressões contra adeptos de cultos de origem africana.

"Somos iguais perante a lei e perante os olhos do Criador", podia-se ler em um cartaz colado em um dos caminhões de som que animaram ao longo da praia de Copacabana a 10ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa.

"Nosso país é laico, mas estamos voltando ao tempo da inquisição", indigna-se o doté (sacerdote) Adriano, da rama Sogbô do Candomblé, rodeado por um grupo de homens e mulheres vestidos de branco.

Fiéis de Candomblé e Umbanda têm sido vítimas de agressões cometidas por traficantes das comunidades convertidos a alguma das igrejas neopentecostais que há décadas surgem no país.

Dois vídeos nos quais é possível ver os agressores obrigando religiosos a destruir imagens de seus terreiros tiveram grande repercussão nas redes sociais. Esses casos aumentaram a preocupação sobre as tensões sociais e religiosas em uma cidade governada desde janeiro pelo prefeito Marcelo Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

O cardeal Orani João Tempesta, arcebispo católico do Rio, convidou as pessoas participar da marcha, assim como representantes judeus, muçulmanos, budistas, espíritas e de outras religiões. Os autores das agressões "são minoritários" entre os protestantes e costumam agir "influenciados por alguma liderança local", afirma Edson Garcés, fiel de 30 anos da Igreja Batista e morador da Baixada Fluminense.

Segundo o serviço de denúncia por telefone de abusos contra os direitos humanos, em 2016 foram assinalados 79 casos de intolerância religiosa no Rio, um aumento de 119% em relação a 2015. Entre julho e a semana passada, houve 32 denúncias, segundo um relatório do semanário IstoÉ.


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