São Paulo, 17 - A Prefeitura de São Paulo e a Igreja Católica defenderam nesta segunda-feira, 16, o uso de alimento granulado como uma espécie de suplemento à população carente para ajudar no combate à fome e ao desperdício de comida. Apresentada pelo prefeito João Doria (PSDB) no lançamento do programa Alimento para Todos, na semana passada, a proposta foi criticada pelo Conselho Regional de Nutricionistas.
Secretária municipal de Direitos Humanos, Eloisa Arruda comparou o produto, feito pela empresa Plataforma Sinergia e chamado de "farinata", ao suplemento Whey Protein, feito com proteína do soro de leite e usado por frequentadores de academia. "O rico tem direito a suplemento alimentar. O menino que faz ginástica compra Whey, idosos compram o leite sênior e pagam caro. Nosso objetivo é eventualmente aproveitar alimentos para transformá-los em suplementos alimentares para juntar com alimento in natura e fornecer à população."
A Prefeitura reforçou que a elaboração da política está em debate e que não haverá distribuição generalizada do produto, que servirá de complemento nutricional. Afirmou ainda que, se for distribuído, não será entregue como granulado, mas acrescentado ao preparo de pães e bolos, por exemplo.
No lançamento, Doria exibiu uma versão granulada da farinata em forma de biscoito. Nas redes sociais, o produto foi chamado de "ração". Em nota, o conselho de nutricionistas disse que o produto "contraria os princípios do Direito Humano à Alimentação Adequada" e está "em total desrespeito aos avanços" obtidos nas últimas décadas na segurança alimentar.
Reação
Defensor da farinata, o arcebispo de São Paulo, cardeal d.
Fundadora da Sinergia, Rosana Perrotti explicou que a tecnologia é avançada e prolonga a vida útil dos alimentos transformando-os em pó. "A prioridade é o combate à fome e à desnutrição em situações de catástrofe. Aqui é possível que o próprio programa aumente as doações de alimentos in natura e nem precisemos transformá-los."
O Ministério do Desenvolvimento Social, responsável por programas federais da área, afirmou não conhecer o produto. Já o da Saúde disse que municípios são autônomos para implementar políticas.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Fabio Leite, Paula Felix e Juliana Diógenes).