O estudante de 14 anos que matou dois adolescentes e deixou dois feridos em uma escola particular de Goiânia, na tarde desta sexta-feira, 20, era alvo de bullying no colégio. Quem confirmou as informações à reportagem foi a tia de uma das colegas de classe do menor, a psicóloga Juliana Matos Gomes, 33 anos.
A sobrinha de Juliana detalhou que o suspeito sentava na última cadeira da sala, era excluído pelos outros jovens e sempre foi alvo de ofensas por causa de seu cheiro. Em uma ocasião, os estudantes chegaram a jogar desodorante no adolescente, como uma "brincadeira".
"Os colegas de sala implicavam com ele por causa do cheiro. (...) Minha sobrinha disse que [o atirador] chegou a mirar na cabeça de um dos meninos que cometia bullying contra ele, mas não sabe se chegou a acertá-lo. Graças a Deus ele não teve o controle de mirar certo", disse.
Segundo a sobrinha da psicóloga, o jovem teria assistido à aula e, no fim, fez os disparos. Ele teria utilizado a arma da mãe, que é militar. Três vítimas foram levadas ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e estão em estado grave. A quarta foi encaminhada ao Hospital de Acidentados de Goiânia, estável.
Procurada pela reportagem, a direção do colégio Goyases não quis se pronunciar sobre o caso por "não ter condições". As aulas na instituição foram suspensas por tempo indeterminado. O atirador foi apreendido pela Polícia Militar de Goiás, ainda no local.
Justamente nesta sexta-feira, 20, é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Bullying. A data é considerada um alerta internacional para o problema comum, que muitas vezes é negligenciado em esferas públicas. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma em cada três crianças do mundo, de 13 a 15 anos, é vítima de bullying em colégios.
Tiroteio em creche
Há pouco mais de duas semanas, no último 5 de outubro, outro crime bárbaro envolvendo crianças chocou o pais. O vigia Damião Soares dos Santos, de 50 anos, colocou fogo na creche Gente Inocente, em Janaúba, no Norte de Minas Gerais. A tragédia resultou na morte de nove crianças, todas de 4 anos, e da professora Heley de Abreu Silva Batista, 43, que tentou salvar os alunos no momento do ataque.
Outras 21 pessoas ficaram feridas na ação. No momento em que o vigia jogou álcool e ateou fogo nas vítimas, a creche recebia 75 crianças e 17 funcionários que antecipavam a comemoração do Dia das Crianças.