Um comerciante que mora em frente à escola onde um adolescente de 14 anos abriu fogo e matou dois colegas nesta sexta-feira conversou com a reportagem e narrou as cenas de desespero que ele viu durante e após o ataque.
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Por fim, o comerciante diz conhecer o primeiro policial a entrar na escola e desarmar o adolescente. De acordo com esse PM, o rapaz tinha um outro pente de balas pronto para ser utilizado contra os colegas. "Poderia ter sido uma tragédia bem maior", concluiu.
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Ataque
O ataque à escola aconteceu no fim da manhã desta sexta-feira (20/10). Os estudantes João Vitor Gomes e João Pedro Calembro foram baleados e morreram no local. Segundo informações do Corpo de Bombeiros de Goiás, outros quatro estudantes ficaram feridos. Três em estado grave. O atirador e as vítimas estariam no oitavo ano do ensino fundamental.
Três feridos - duas meninas e um menino - foram encaminhados para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Segundo a unidade, os três se encontram em estado grave. Uma quarta vítima foi encaminhada ao Hospital de Acidentados de Goiânia e está internada, porém não corre risco de morte, segundo informações do hospital. Já o atirador foi apreendido pela Polícia Militar de Goiás.
A arma utilizada no crime pertencia à mãe do estudante, uma policial militar. O pai do rapaz também é major da Polícia Militar de Goiás (PMGO).
De acordo com o pai de um dos alunos, o garoto não tinha uma vítima específica e "entrou atirando aleatoriamente". A reportagem procurou o colégio Goyases que, por sua vez, não quis se pronunciar por "não ter condições". As aulas na instituição foram suspensas.
Bullying
O estudante que abriu fogo na escola era alvo de bullying no colégio. Quem confirmou as informações à reportagem foi a tia de uma das colegas de classe do menor, a psicóloga Juliana Matos Gomes, 33 anos.
A sobrinha de Juliana detalhou que o suspeito sentava na última cadeira da sala, era excluído pelos outros jovens e sempre foi alvo de ofensas por causa de seu cheiro. Em uma ocasião, os estudantes chegaram a jogar desodorante no adolescente, como uma "brincadeira".
"Os colegas de sala implicavam com ele por causa do cheiro. (...) Minha sobrinha disse que chegou a mirar na cabeça de um dos meninos que cometia bullying contra ele, mas não sabe se chegou a acertá-lo. Graças a Deus ele não teve o controle de mirar certo", disse.
Segundo a sobrinha da psicóloga, o jovem teria assistido à aula e, no fim, fez os disparos. Ele teria utilizado a arma da mãe, que é militar. Três vítimas foram levadas ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e estão em estado grave. A quarta foi encaminhada ao Hospital de Acidentados de Goiânia, estável.
Justamente nesta sexta-feira (20/10) é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Bullying. A data é considerada um alerta internacional para o problema comum, que muitas vezes é negligenciado em esferas públicas. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma em cada três crianças do mundo, de 13 a 15 anos, é vítima de bullying em colégios.