Imagens da câmera de segurança de uma loja de doces mostram momentos de pânico após um adolescente de 14 anos efetuar disparos contra alunos do Colégio Goyases, em Goiânia (GO). No vídeo é possível acompanhar a correria e o desespero de adolescentes e adultos no local, que fica ao lado da unidade de ensino. Nessa sexta-feira (20/10), o jovem, que diz ter sido vítima de bullying, disparou contra os colegas dentro da sala de aula, matando ao menos dois deles, João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos com 13 anos. Outros quatro ficaram feridos, um em estado grave.
Na tarde deste sábado (21/10), o garoto foi ouvido pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e depois encaminhado de volta para a Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), onde ele permanece apreendido. Filho de policiais militares, ele usou a arma da mãe, levada à escola particular escondida dentro de uma mochila. Segundo a Polícia Civil goiana, o rapaz afirmou em depoimento que sofria bullying e o crime foi premeditado.
Nesta manhã, familiares e amigos se despediram de João Vitor Gomes e João Pedro Calembo. O velório e o sepultamento foram marcados por muita comoção e tristeza. O primeiro a ser sepultado foi João Pedro, no Cemitério Memorial. A mãe dele, que estava acompanhada do marido e de pessoas próximas à família, chegou a erguer as mãos para o alto, enquanto chorava e cantava músicas da igreja. De joelhos, ao lado da cova do garoto, a mãe de João Vitor também estava inconsolável. Chorando muito e trêmula, ela precisou ser amparada por familiares. O jovem era amigo do autor dos disparos, segundo colegas de classe.
Vítimas em hospitais
Três dos quatro feridos seguem internados no Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO). Uma das vítimas, uma garota de 14 anos, está em estado grave e permanece sedada e respirando com o auxílio de aparelhos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Outra garota está internada no Hospital de Acidentados de Goiânia, que não obteve autorização para divulgar o estado de saúde dela, e dois adolescentes estão internados no HUGO em estado regular. Um garoto e uma garota, ambos com 13 anos, estão conscientes e respiram sem o auxílio de aparelhos.
O jovem realizou os disparos dentro da classe, em um intervalo entre as aulas, e foi imobilizado por uma coordenadora e por colegas quando tentava recarregar a arma. Segundo relato do próprio atirador à polícia, após matar João Pedro, ele perdeu o controle e sentiu vontade de matar mais, atingindo outros colegas. A turma, do 8.º ano do ensino fundamental, tinha 30 estudantes. Ao ser imobilizado, o garoto ameaçou se matar, apontando a pistola .40 para a cabeça. Após ser convencido pela coordenadora, ele travou a arma e pediu que chamassem a polícia.