Estudantes de uma escola estadual em Santa Cecília, na região central de São Paulo, acusam o garçom de um restaurante no bairro de agressão e racismo. Os jovens da Escola Estadual Fidelino de Figueiredo alegam que o Esquina Grill do Fuad teria interditado um parklet em frente ao restaurante - estrutura móvel formada por bancos, mesas e plantas que deve funcionar como uma extensão das calçadas - para impedir a utilização pelos alunos. O equipamento foi instalado pelo próprio estabelecimento em 2016.
Uma estudante de 17 anos, afirma que o restaurante interdita a área durante o horário de saída dos alunos. Na última segunda-feira, 23, a adolescente conta que retirou a faixa que impedia a passagem e sentou-se no banco.
Apesar de garantir que foi ela quem retirou o equipamento, um dos garçons teria acusado um amigo da jovem e tentado retirá-lo do local à força. "Um dos garçons chegou e acusou meu amigo, que é negro. Por isso a gente diz que é um caso de racismo", explica. Segundo ela, os outros funcionários tentaram apartar a briga.
Outro aluno da escola, Jean Barros, de 18 anos, conta que também sofreu agressão por parte do funcionário. "Eu fui tentar separar a briga e o funcionário acabou me agredindo também", afirma.
Espaço público
O decreto municipal 555.045, de 16 de abril de 2014, explicita que parklets serão plenamente acessíveis ao público, "vedada, em qualquer hipótese, a utilização exclusiva por seu mantenedor". O SampaPé, organização que defende a cultura do caminhar e a humanização das cidades, defende a instalação de parklets para estimular a ocupação de espaços públicos.
No entanto, a presidente da organização, Letícia Sabino, conta que um parklet custa em torno de R$ 50 mil, o que dificulta o incentivo das instalações. "Por mais que eles tenham pago, eles fizeram o parklet para o bem público, então não podem tirar pessoas, regulamentar, tem que ser claramente um espaço aberto", explica. Ela pede ainda que fique claro aos donos de estabelecimentos que a estrutura será desfrutada por todos. "É muito importante entender que o parklet vai valorizar o local, só que existe o problema de as pessoas entenderem que são as donas daquele espaço", alerta.
Repercussão
Vídeos, fotos e relatos do caso foram publicados nas redes sociais e, no dia seguinte, estudantes da Fidelino de Figueiredo protestaram em frente ao Esquina Grill contra a agressão.
O Esquina Grill do Fuad não quis comentar o caso e, após a repercussão, a página no Facebook foi excluída. No site do restaurante, a estrutura é mencionada como "um presente para Santa Cecília e para São Paulo". O parklet foi instalado em comemoração aos 50 anos da inauguração do restaurante.
(Julia Belas, especial para O Estado).